COP da implementação

Balanço da Agenda de Ação mostra avanços na coordenação das ações climáticas voluntárias para implementar Acordo de Paris

Diretora da Agenda de Ação da COP30, Bruna Cerqueira, celebrou os impactos e avanços da mobilização, que reúne 117 Planos de Aceleração de Soluções

Agenda de Ação da COP30 foi desenvolvida para coordenar e acelerar a entrega de iniciativas anteriores e consolida uma década de mobilização desde a COP21. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30
Agenda de Ação da COP30 foi desenvolvida para coordenar e acelerar a entrega de iniciativas anteriores e consolida uma década de mobilização desde a COP21. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30

Por Rafaela Ferreira/COP30

O balanço da Agenda de Ação da COP30 desta sexta-feira, 21/11, na Green Zone, teve como objetivo reconhecer o seu impacto e celebrar os avanços. No total, são 117 Planos de Aceleração de Soluções. A diretora da Agenda de Ação da COP30, Bruna Cerqueira, ressaltou que a mobilização se trata de uma estrutura global e multissetorial capaz de ampliar o efeito dos esforços nos últimos anos.

A Agenda de Ação é o pilar da conferência que mobiliza ações climáticas voluntárias da sociedade civil, empresas, investidores, cidades, estados e países para intensificar a redução das emissões, a adaptação às mudanças do clima e a transição para economias sustentáveis, de acordo com o Acordo de Paris. Desenvolvida para coordenar e acelerar iniciativas já existentes, a proposta da COP30 consolida uma década de mobilização iniciada na COP21.

A diretora destacou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), iniciativa global que integra investimentos públicos e privados para impulsionar estratégias de conservação e fortalecer parcerias internacionais na proteção dos ecossistemas tropicais mais vulneráveis. “O TFFF foi uma grande agenda voluntária, não é uma agenda negociada.  “O TFFF foi uma grande agenda voluntária, não é uma agenda negociada. Avançamos em relação ao mercado de carbono, aos biocombustíveis, com uma ampla declaração sobre combustíveis sustentáveis. Também em demarcações de terras indígenas”, lembrou Bruna.

Em sua fala, Bruna Cerqueira ressaltou o Mapa do Caminho de Baku a Belém, documento que define a trajetória para o mundo alcançar US$1,3 trilhão em financiamento climático para países em desenvolvimento até 2035. “O objetivo é ampliar recursos para esse montante, mas isso depende da participação do setor privado.”

Nos últimos meses, as Presidências da COP29 e COP30 e os Campeões de Alto Nível do Clima envolveram 482 iniciativas lançadas em conferências anteriores para demonstrar e acelerar a implementação. Em termos concretos, seis vezes mais iniciativas apresentaram resultados mensuráveis em relação à COP anterior — evidência de que a implementação acelerou e já é percebida em lares, fazendas, clínicas e cidades ao redor do mundo.

Eixos de soluções

A Agenda de Ação da COP30 busca inaugurar uma estrutura capaz de mobilizar atores e esforços para acelerar a implementação do já negociado, com base nos resultados do primeiro Balanço Global (GST-1). A Presidência dessa conferência propõe traduzir esses resultados em seis eixos temáticos e trinta objetivos-chave, impulsionados por múltiplas soluções que abrangem mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação.

Para a diretora da Agenda de Ação da COP30, o trabalho feito foi de acelerar soluções nesses eixos. “Pautamos a identificar quais são as soluções que estão funcionando nos territórios e que podem ser aceleradas, quais são os gatilhos e quais são as alavancas que são necessárias para acelerar essas soluções.”

Bruna Cerqueira lembrou do lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém para a adaptação do setor da saúde às mudanças do clima, primeiro documento internacional de adaptação climática dedicado à saúde. Ele integra a Agenda de Ação da COP30 e responde ao Objetivo 16, que trata da promoção de sistemas de saúde resilientes diante da crise climática.

Com a necessidade de investimento para implementar o Plano de Ação, a Coalizão de Financiadores de Clima e Saúde anunciou o investimento inicial de US$300 milhões para o compromisso internacional. “O Plano de Ação de Saúde de Belém veio acompanhado do compromisso das filantropias de aportar esse investimento para tirá-lo do papel”, afirmou Bruna.

COP como processo

A Agenda de Ação foi estruturada para viabilizar o que é negociado e reforçar sua complementaridade ao processo formal. Os negociadores já a reconhecem como um braço de implementação, e não como uma via paralela. “Esses planos são um espaço para definir, de forma concreta, o que será feito, por quem, até quando e de que maneira, além de com quais recursos”, concluiu a diretora.