AGENDA DE AÇÃO

A COP da Implementação: Agenda de Ação entrega progresso acelerado em 117 soluções e impulsiona uma visão global renovada para Belém e para o futuro

O Evento de Alto Nível reconhece o avanço acelerado e reafirma os objetivos centrais da Presidência da COP30: fortalecer o multilateralismo para enfrentar desafios globais comuns; conectar o regime climático à vida das pessoas; e acelerar a implementação do Acordo de Paris — transformando cada compromisso em ação real

O Campeão de Alto Nível da COP30 destacou que cooperação é fundamental e efetiva. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30
O Campeão de Alto Nível da COP30 destacou que cooperação é fundamental e efetiva. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30

O Evento de Alto Nível da Agenda de Açao da COP30 foi realizado hoje para reconhecer o impacto e celebrar os avanços da nova Agenda de Ação, que reúne 117 Planos de Aceleração de Soluções. O encontro, realizado na Plenária Tocantins, contou com a presença das Presidências da COP29 e COP30, do Secretário Executivo da UNFCCC, dos Campeões de Alto Nível do Clima, de Partes, organizações internacionais e diversos atores não estatais. O evento reforçou tanto a urgência de implementar ações quanto a evolução contínua da Agenda de Ação como estrutura global e multissetorial capaz de ampliar o impacto dos esforços dos últimos anos.

A Agenda de Ação da COP30 foi desenvolvida para coordenar e acelerar a entrega de iniciativas anteriores, consolidando uma década de mobilização desde a COP21. Ela unifica coalizões já existentes em um única estrutura de coordenação que prioriza implementação, transparência e resultados concretos. O evento de hoje reconheceu o avanço alcançado graças a essa abordagem renovada.

“O Mutirão simboliza o espírito desta COP — um esforço coletivo que espero que marque os próximos cinco anos da ação climática global”, afirmou Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível do Clima da COP30. Ele acrescentou: “Todos aqui fazem parte disso. Cada um de vocês é parte essencial.”

Comunidades no mundo inteiro — especialmente as mais vulneráveis — já sentem de forma crescente os efeitos da mudança do clima. O primeiro Balanço Global (GST) e o mais recente Relatório de Síntese das NDCs confirmam que, embora existam avanços, garantir um futuro habitável e justo exige a plena implementação dos compromissos existentes e um aumento substancial da ambição. A Agenda de Ação busca apoiar essa resposta coletiva ao acelerar soluções reais por meio de ações inovadoras e enraizadas nos territórios. Assim, a ação climática está entrando no cotidiano: veículos elétricos nas garagens, painéis solares em telhados ao redor do mundo, lâmpadas LED e embalagens sustentáveis se tornando padrão. Essas mudanças mostram como decisões negociadas se traduzem em transformações concretas — e reforçam a necessidade de uma transição justa, que distribua benefícios de forma equitativa.

O Evento de Alto Nível também destacou que a cooperação funciona: há dez anos, o mundo caminhava para um aquecimento de 4°C; hoje, graças à ação coletiva, esse cenário foi reduzido para cerca de 2,6°C. Ainda assim, a mensagem foi clara: o mundo segue fora do rumo necessário, e acelerar a implementação é essencial.

“Para acelerar a implementação, precisamos de uma coalizão dos dispostos, precisamos de uma abordagem que envolva toda a sociedade”, afirmou Ana Toni, CEO da COP30. “Nossos países não conseguem implementar sozinhos os compromissos firmados aqui. Precisamos do setor privado, dos investidores, dos governos subnacionais e de toda a sociedade.”

Ao longo dos últimos meses, as Presidências da COP29 e COP30 e os Campeões de Alto Nível do Clima envolveram 482 iniciativas lançadas em COPs anteriores para demonstrar e acelerar a implementação. Em termos concretos, seis vezes mais iniciativas apresentaram resultados mensuráveis em comparação com a COP anterior — evidência de que a implementação não apenas acelerou, mas já está sendo percebida em lares, fazendas, clínicas e cidades ao redor do mundo.

Uma Agenda de Ação unificada, ampliando o legado das COPs anteriores

Foto: Rafa Neddermeyer/COP30
Foto: Rafa Neddermeyer/COP30

Uma das marcas da Agenda de Ação na COP30 é sua abordagem unificada: pela primeira vez, governos nacionais e atores não estatais estão alinhados sob uma única Agenda de Ação. Antes, cada grupo avançava em paralelo; agora, iniciativas estão integradas para acelerar soluções climáticas de forma coordenada.

“A Agenda de Ação é um catalisador fundamental da implementação, onde a governança multinível e a cooperação entre governos e atores não estatais nos impulsionam rumo às nossas metas”, afirmou o Secretário Executivo do UNFCCC, Simon Stiell. “A responsabilidade agora é de todos nós — Partes e não Partes, setores público e privado, implementadores nacionais e subnacionais — para entregar resultados rápidos, justos e em escala.”

A coordenação é o primeiro passo da implementação: esforços fragmentados atrasam; esforços coordenados ampliam soluções. Aproveitando o legado das COPs anteriores e o trabalho de diversos ecossistemas climáticos, esta agenda renovada constrói um ambiente dinâmico de ação com potencial para guiar a próxima década decisiva.

Alguns exemplos apresentados:

  • Descarbonização industrial: iniciativas alinhadas para aço, fertilizantes, cimento e produtos químicos, incluindo cooperação inédita para fertilizantes de baixo carbono.

  • Saúde: filantropias coordenaram recursos para o Plano de Ação de Saúde de Belém, fortalecendo sistemas de saúde contra riscos como calor extremo e doenças transmitidas por vetores.

  • Sistemas energéticos: a COP30 consolidou um ecossistema mais robusto de redes elétricas, ampliando os esforços da Green Grids Initiative (GGI) da COP26 e compromissos da COP28. GGI e UNEZA uniram-se a CEM, IRENA e AIE para avançar um plano global de investimento de cerca de USD 1 trilhão para triplicar a capacidade renovável até 2030.

A Campeã de Alto Nível do Clima da COP29, Nigar Arpadarai, destacou: “Toda declaração precisa gerar ação, e toda promessa deve virar um plano.” Ela acrescentou: “Nossa arquitetura multissetorial impulsionou mais de 100 planos para acelerar soluções — e a ação precisa ocorrer nos 365 dias do ano.”

Guiada pela implementação e estruturada para a continuidade

A Agenda de Ação foi construída para entregar o que é negociado, reforçando sua complementaridade com o processo formal de negociações. Os negociadores já veem a Agenda como um braço de implementação — não uma via paralela. Tendo o Balanço Global como referência, a Visão de 5 anos para o futuro da Agenda de Ação organiza seis eixos temáticos que orientam a coordenação e a aceleração. A transparência é prioridade: toda nova declaração deve vir acompanhada de um plano claro de entrega.

Um exemplo emblemático é o Indigenous Peoples and Local Communities Land Tenure Pledge (compromisso para apoiar a posse de terras de Povos Indígenas e Comunidades Locais), lançado na COP26: os USD 1,7 bilhão prometidos foram entregues um ano antes do prazo, e os doadores renovaram o apoio com USD 1,5–2 bilhões adicionais até 2030.

Essa abordagem estruturada e flexível dá forma à Visão de 5 anos para o futuro da Agenda de Ação, projetada para assegurar continuidade e impacto global além de Belém.

Esforços coordenados para aceleração sistêmica

A terceira etapa da implementação — remover barreiras à escala — orientou grande parte do trabalho apresentado na COP30. Isso significa atuar sobre padrões, regulamentação, oferta, demanda, governança e outros fatores que permitem que soluções escalem. Significa colaborar com intencionalidade.

A seguir, os seis eixos:

Eixo 1 – Transição nos Setores de Energia, Indústria e Transporte

A COP30 destacou avanços que superam compromissos anteriores e consolidou um ecossistema mais forte de redes elétricas. GGI, UNEZA, CEM, IRENA e AIE liderarão um plano de investimento de USD 1 trilhão para triplicar a capacidade renovável até 2030. A iniciativa complementa o aumento de investimentos das utilities, com a UNEZA elevando sua meta anual para USD 148 bilhões — incluindo USD 82 bilhões para redes e armazenamento — e os bancos multilaterais de desenvolvimento financiando interconexões regionais, como o plano de USD 12,5 bilhões para o ASEAN Power Grid.

Eixo 2 – Gestão Sustentável de Florestas, Oceanos e Biodiversidade

A promessa de USD 1,7 bilhão feita na COP26 foi cumprida antecipadamente; os doadores renovaram o apoio com USD 1,5–2 bilhões até 2030. Esses compromissos se alinham a avanços em direitos territoriais que abrangem mais de 160 milhões de hectares e garantem que pelo menos 20% do financiamento para florestas tropicais chegue diretamente a povos indígenas e comunidades locais (IPLCs).

Eixo 3 – Transformação da Agricultura e Sistemas Alimentares

Com a Agenda de Ação on Regenerative Landscapes (AARL), iniciativa voltada à promoção de terras regenerativas, os investimentos quadruplicaram desde 2023, superando USD 9 bilhões até 2030 e beneficiando 12 milhões de agricultores em mais de 110 países.

O plano RAIZ, em parceria com a FAST Partnership da COP27, avança mecanismos de financiamento publico-privado para restauração de terras — incluindo a restauração de 50 milhões de hectares no Cerrado brasileiro, com retorno estimado de 19% para mais de 600 mil agricultores. Globalmente, a meta é restaurar 1 bilhão de hectares, o que poderia aumentar a produção de alimentos em 44 milhões de toneladas por ano.

Eixo 4 – Construção de Resiliência em Cidades, Infraestrutura e Água

Dois terços das novas NDCs apresentam agora conteúdo urbano e subnacional mais robusto entre os 78 membros do CHAMP. Com novos programas de capacitação e plataformas de financiamento localizadas, o CHAMP prevê que, até 2028, o financiamento climático alcance pelo menos 200 cidades.

Eixo 5 – Promoção do Desenvolvimento Humano e Social

Com USD 300 milhões comprometidos por mais de 35 filantropias, o Plano de Ação de Saúde de Belém, lançado na semana passada, fortalece a resiliência dos sistemas de saúde, enfrentando riscos associados ao clima e apoiando países por meio do mecanismo ATACH, da OMS — lançado na COP26.

Eixo 6 – Catalisadores e Aceleradores, incluindo Financiamento, Tecnologia e Capacitação

Ao tornar os Planos Nacionais de Adaptação compatíveis com investimento, a Adaptation Finance (FINI), iniciativa voltada ao financiamento da adaptação, pretende mobilizar USD 1 trilhão em projetos de adaptação nos próximos três anos, com 20% financiados pelo setor privado.

Esforços complementares — como 150 cidades implementando planos para ondas de calor, beneficiando 3,5 bilhões de pessoas — mostram que o financiamento para adaptação está crescendo.

No conjunto, a Agenda apresentou 117 planos de ação coletivos  em áreas como restauração de ecossistemas, saúde, transporte sustentável, sistemas alimentares e mitigação de superpoluentes. Convidamos você a conhecê-los e a juntar-se a nós na COP da implementação.