Presidência da COP30 e PNUMA lançam fase de implementação do Mutirão contra o Calor Extremo
Iniciativa visa acelerar a implementação de soluções sustentáveis de resfriamento e resiliência ao calor em cidades de todo o mundo. 185 cidades aderiram ao Mutirão e 72 nações endossaram o Compromisso Global pelo Resfriamento

Por Rafaela Ferreira/COP30
A fase de implementação do Mutirão Global contra o Calor Extremo/Beat the Heat foi lançada nesta terça-feira, 11/11, pela Presidência da COP30 e pela Coalizão pelo Resfriamento (Cool Coalition), liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A iniciativa visa acelerar a implementação de soluções sustentáveis de resfriamento e resiliência ao calor em cidades de todo o mundo, promovendo a implementação de ações concretas ao Compromisso Global de Resfriamento em ações concretas.
Até o momento, 185 cidades aderiram ao Mutirão Global contra o Calor Extremo/Beat the Heat. Além disso, 72 nações aderiram ao Compromisso Global pelo Resfriamento para reduzir as emissões relacionadas ao resfriamento em 68% até 2050.
Para a CEO da COP30, Ana Toni, o Mutirão Global contra o Calor Extremo/Beat the Heat é uma das maneiras mais fáceis de comunicar o que está sendo realizado na conferência. “As pessoas entendem o calor porque sentem em seus corpos. A iniciativa pode se comunicar com as pessoas, e elas só podem continuar apoiando os acordos multilaterais sobre mudanças climáticas e as coalizões que estão sendo construídas em torno disso, se entenderem. E elas estão sentindo o calor em todos os lugares”, destacou
Ana Toni também apontou que a mobilização é um exemplo de como unir todo o mundo em torno de um objetivo específico. “É com capacitação e ações concretas que os prefeitos e o setor privado podem realizar a iniciativa, e a tecnologia pode ajudar muito. Se conseguirmos realmente multiplicar esse Mutirão, vamos ver quantas outras cidades estarão participando do Beat the Heat até o final da COP30”, disse.
Refrigeramento Sustentável
De acordo com um novo relatório do PNUMA, a demanda de resfriamento deve triplicar até 2050, impulsionando as mudanças climáticas e sobrecarregando as redes elétricas. O documento também aponta que o caminho para o Resfriamento Sustentável poderia reduzir 64% das emissões de resfriamento até 2050, proteger 3 bilhões de pessoas do aumento do calor, economizar até 43 trilhões de dólares em eletricidade evitada e custos de infraestrutura.
Publicado pela Cool Coalition e liderado pelo PNUMA, o relatório é a avaliação mais abrangente, até o momento, da crescente demanda global por refrigeração e da necessidade de soluções ecológicas para o problema. O Caminho de Resfriamento Sustentável pode fornecer acesso a resfriamento ou refrigeração de espaços, edifícios resilientes e espaços verdes urbanos para todos, incluindo grupos vulneráveis e de baixa renda, como pequenos agricultores, mulheres e idosos, sem agravar a crise climática.
Presente no evento de lançamento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lembrou que, no Brasil, cerca de 20 milhões de crianças e adolescentes estudam em escolas que não estão adaptadas e nem climatizadas. Ela destacou a necessidade de estabelecer uma série de medidas para o enfrentamento do calor extremo dentro das três agendas: mitigação, adaptação e transformação.
“A agenda de mitigação, porque isso é a causa do calor extremo. A agenda de adaptação, porque, como ele já está acontecendo, é preciso criar formas sinérgicas e sustentáveis de combatê-lo. Por fim, a agenda de transformação, que, eu diria, é um processo mais demorado, mas estruturante para resolvermos o problema, ou ao menos tentarmos resolvê-lo”, enfatizou a ministra.
A diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, reforçou que, no âmbito do Compromisso Global de Refrigeração Sustentável, 72 países já estão colaborando para reduzir as emissões relacionadas à refrigeração em mais de 60% até 2050, ao mesmo tempo que ampliam o acesso à refrigeração sustentável.
“Atingir as metas é crucial, porque o calor extremo é um sinal claro de crise. O calor extremo já é mortal. Ele causa cerca de meio milhão de mortes por ano, e infelizmente a situação vai piorar. O acesso ao resfriamento deve ser tratado como uma infraestrutura essencial, assim como água, energia e saneamento, porque o resfriamento salva vidas e mantém economias, escolas e hospitais funcionando”, clamou a diretora-executiva.
Papel das cidades
O calor extremo já é uma das principais consequências da crise climática e representa um dos maiores desafios enfrentados por municípios em todo o mundo. De acordo com representantes de diversas cidades, a expansão de centros urbanos intensificou esses efeitos, gerando riscos como deslocamentos populacionais e o aumento da moradia informal, explicou Bashir Mohamed Jama, ministro do Meio Ambiente e Mudanças do Clima da Somália.
Também no evento, Evandro Leitão, prefeito de Fortaleza (CE), apontou que não se faz enfrentamento da crise climática se não for com justiça social, e vice-versa. “O enfrentamento à crise climática perpassa também pela justiça social com ações intersetoriais, com ações na área da saúde, com ações na área da educação, com ações na área da infraestrutura”, afirmou.
