MUTIRÃO

Presidência da COP30 e PNUMA enviam carta a todos os países do mundo convidando para Mutirão Global contra o Calor Extremo

A iniciativa, lançada como parte estratégica dos preparativos para a conferência do clima de Belém, visa a coordenar resposta internacional urgente para proteger cidades e populações vulneráveis dos impactos mortais do calor recorde, um dos temas centrais da cúpula.

Presidência da COP30 e PNUMA convocam países, cidades e parceiros a aderirem à iniciativa Beat the Heat no Diálogo sobre Soluções Climáticas da AGNU80
Presidência da COP30 e PNUMA convocam países, cidades e parceiros a aderirem à iniciativa Beat the Heat no Diálogo sobre Soluções Climáticas da AGNU80

Por Presidência da COP30

O presidente da COP30, Embaixador André Corrêa do Lago, e a diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, enviaram uma carta oficial a todos os países do mundo convidando-os a aderir ao Mutirão Global contra o Calor Extremo – uma mobilização internacional sem precedentes para enfrentar os impactos da crescente elevação da temperatura causada pelas mudanças climáticas nas cidades, trabalhadores e populações vulneráveis.

Lançada em junho de 2025, durante a Reunião dos Pontos Focais do Compromisso Global de Resfriamento em Bonn, na Alemanha, a iniciativa é parte estratégica dos preparativos para a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém. Durante a conferência, a Presidência da COP30 liderará uma reunião de alto nível com ministros de diversos países para debater soluções concretas e coordenadas de adaptação ao calor extremo, um dos temas centrais desta edição da COP.

Cidades e trabalhadores estão na linha de frente do impacto climático

O calor extremo tornou-se uma das faces mais visíveis da crise climática. Trata-se do risco climático mais mortal do mundo: mata mais pessoas anualmente do que qualquer outro evento climático. Com impactos cada vez mais severos sobre saúde pública, trabalho, segurança alimentar e nutricional, infraestrutura urbana e até sobre a prática de esportes, as cidades precisam se adaptar urgentemente a uma nova realidade térmica.

Em muitas regiões, os sistemas urbanos já não suportam as temperaturas recordes, e as consequências são sentidas principalmente pelos mais vulneráveis, como crianças, idosos e moradores da periferia. Em muitas situações, bairros vizinhos com diferentes perfis de renda possuem grande variação entre as temperaturas médias, como é o caso de Paraisópolis, em São Paulo, que está até 8 graus mais quente do que o vizinho Morumbi, de alta renda.

O Mutirão Global contra o Calor Extremo propõe uma resposta coordenada, envolvendo governos nacionais, estados, municípios, organizações parceiras e financiadores, com foco em soluções sustentáveis e de baixo carbono para o resfriamento das cidades. Trata-se de um esforço que integra ações em todos os níveis de governo para conter o avanço do calor extremo e proteger as vidas de 1,2 bilhão de pessoas ao redor do mundo que sofrem com o estresse térmico e a falta de serviços de resfriamento.

O Observatório Global de Resfriamento 2023 do PNUMA alertou que, se as tendências atuais continuarem, o aumento da demanda de resfriamento por si só pode acrescentar 6,1 gigatoneladas de dióxido de carbono até 2050, enquanto mais de um bilhão de pessoas ainda não têm acesso ao resfriamento para manter alimentos, remédios e economias viáveis.Foto:  Matuska/Pixabay.
O Observatório Global de Resfriamento 2023 do PNUMA alertou que, se as tendências atuais continuarem, o aumento da demanda de resfriamento por si só pode acrescentar 6,1 gigatoneladas de dióxido de carbono até 2050, enquanto mais de um bilhão de pessoas ainda não têm acesso ao resfriamento para manter alimentos, remédios e economias viáveis.Foto: Matuska/Pixabay.

“O Mutirão busca transformar as cidades em motores de adaptação e garantir que ninguém seja deixado para trás”, afirmou a CEO da COP30, Ana Toni. Ações decisivas contra o calor extremo e o resfriamento podem reduzir as emissões de refrigeração em 60% e proteger 3,5 bilhões de pessoas.

Resfriamento sustentável como prioridade da COP30

O Mutirão Contra o Calor Extremo é uma das iniciativas emblemáticas da Presidência da COP30 em parceria com o PNUMA. Ele serve como plataforma de aceleração do Compromisso Global de Resfriamento (Global Cooling Pledge), lançado na COP28, que já conta com 72 países signatários e mais de 80 apoiadores não estatais.

“O Mutirão Contra o Calor Extremo da COP30 e da Cooling Coalition do PNUMA é um esforço coletivo para traduzir os compromissos globais e nacionais sobre refrigeração e calor extremo em ações locais. É assim que proporcionamos resiliência nos locais onde as pessoas sentem mais intensamente o calor — em casas, escolas, locais de trabalho e nas ruas. Ao unir governos e parceiros, podemos superar as lacunas de financiamento, políticas e implementação, avançando em direção a soluções sustentáveis de refrigeração”, ressalta Martin Krause, diretor da Divisão de Mudanças Climáticas do PNUMA.

Entre os compromissos do Mutirão Contra o Calor Extremo estão:

  1. Avaliar a vulnerabilidade ao calor urbano e integrar soluções aos planos climáticos;

  2. Implementar projetos de resfriamento passivo e baseados na natureza;

  3. Adotar tecnologias de resfriamento eficientes em prédios públicos;

  4. Promover códigos de energia e construção que aumentem a resiliência urbana.

A adesão está aberta a todos os países, sejam ou não signatários do Compromisso Global de Resfriamento. Os governos nacionais são convidados a indicar pelo menos uma cidade para participar. Cidades e parceiros técnicos também podem se inscrever diretamente.

Adaptação como eixo central da COP30

A agenda de adaptação climática está entre os pilares da COP30. Em meio à intensificação dos eventos extremos, proteger vidas, garantir infraestrutura resiliente e apoiar os mais vulneráveis tornou-se urgente.

Um dos caminhos para resolver o problema é pensar em soluções baseadas na natureza: “Ao trazer de volta a natureza em nossas cidades, não apenas atendemos às necessidades urgentes de mitigação e adaptação climática, mas também apoiamos a biodiversidade e tornamos nossas cidades mais habitáveis para todos”, afirmou Adalberto Maluf, secretário nacional de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental e co-presidente do Compromisso Global de Resfriamento (Global Cooling Pledge).

A mobilização global pretende não apenas enfrentar o calor com soluções sustentáveis, mas também reafirmar a necessidade de ação climática coletiva e coordenada, da escala local à internacional.

Quem pode participar?

• Países podem participar indicando cidades e pontos focais para a iniciativa e auxiliá-los na implementação local.

• Cidades podem se inscrever para ter acesso a uma rede de parceiros que apoiem a implementação de soluções práticas e de baixo impacto ambiental para resfriar diferentes espaços coletivos em seu território.

• Organizações parceiras como fornecedores de tecnologia, redes de cidades, fundações, universidades e doadores bilaterais que possam acelerar a implementação em nível municipal.

Os interessados devem preencher o formulário disponível.

Razões para se engajar:

  • Proteger vidas.
  • Acesso a apoio técnico e financeiro para soluções locais.
  • Fazer parte de uma rede global de governos, especialistas e parceiros.
  • Demonstrar liderança em uma agenda central para a população mundial.