Presidência da COP30, Campeões de Alto Nível e UNFCCC divulgam relatório-síntese para o novo plano da Agenda de Ação
Baseado em consultas a governos, empresas e comunidades de 122 países, o plano será apresentado na COP30, alinhando esforços para a cooperação em torno do Acordo de Paris

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) publicou hoje um resumo das contribuições recebidas para o novo “Plano de Cinco Anos” — um roteiro inédito que orientará a Agenda Global de Ação Climática até 2030. O documento reúne o maior número de recomendações já registrado em uma consulta desse tipo, destacando a necessidade de alinhar governos, empresas e comunidades em torno da implementação do Acordo de Paris.
A base para este plano foi estabelecida na COP29, quando o mandato dos Campeões de Alto Nível do Clima foi renovado até 2030. A partir dessa decisão, a Presidência da COP30 convidou os Campeões a liderarem uma consulta inclusiva com as Partes e outros grupos de interesse, conforme descrito em sua quarta carta.
Desenvolvido em conjunto pela Presidência da COP30, pelos Campeões de Alto Nível do Clima e pela UNFCCC, o novo plano de cinco anos visa alinhar os esforços de governos, empresas e comunidades para avançar na implementação do Acordo de Paris. Ao integrar uma ampla gama de perspectivas, o plano será ancorado nas vozes e prioridades daqueles que impulsionam a ação climática em todo o mundo — um passo crucial rumo a uma Agenda Global de Ação Climática mais coerente, eficaz e inclusiva.
Consulta reúne contribuições de mais de 120 países e atores não estatais
As contribuições recebidas pelos Campeões de Alto Nível do Clima e destacadas no novo relatório síntese refletem um conjunto diverso de 67 percepções e recomendações — o maior número já recebido em uma convocatória desse tipo. Elas vêm tanto de Partes e grupos de Partes (representando mais de 120 países) quanto de atores não estatais — empresas, cidades, regiões, comunidades e organizações que desempenham um papel fundamental no avanço da implementação.
As contribuições destacam a importância de usar o resultado do primeiro Balanço Global (GST, sigla em inglês) para trazer progressivamente mais consistência e estabilidade à ação climática, promover maior alinhamento entre governos nacionais e ações não estatais, aumentar a transparência e evitar duplicações enquanto aceleram a implementação.
Uma década de ação climática aponta novos rumos
O novo plano de cinco anos para a Agenda Global de Ação Climática surge em um momento decisivo.
Na última década desde o Acordo de Paris, foi possível observar crescimento exponencial de compromissos, parcerias e inovações climáticas. A ação climática acelerou. O investimento em energia limpa ultrapassou 2 trilhões de dólares em 2024, indústrias estão migrando para a neutralidade de carbono, e o capital começa a se redirecionar em larga escala. O papel da natureza na ação climática é agora amplamente reconhecido, e a resiliência está cada vez mais incorporada a políticas e práticas, reduzindo riscos climáticos e fortalecendo comunidades e economias.
Ainda assim, o progresso é desigual. O ritmo da mudança é lento, o financiamento para adaptação é insuficiente e a incerteza regulatória inibe investimentos. Enquanto isso, a destruição de ecossistemas aprofunda a vulnerabilidade climática, ameaça a segurança alimentar e desestabiliza economias.
“Precisamos canalizar a ambição, a energia e os esforços já existentes em uma agenda mais estruturada, integrada e impactante, que impulsione a rápida entrega das metas de Paris — começando agora e continuando além da COP30”, disse Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível da COP30.
COP30: oportunidade de uma agenda unificada para soluções em escala
A Presidência da COP30, em parceria com os Campeões de Alto Nível do Clima e a UNFCCC, prepara uma Agenda de Ação unificada para organizar os avanços da última década e acelerar as soluções climáticas que o mundo ainda precisa com urgência.
A Agenda de Ação da COP30 está ancorada no resultado do primeiro Balanço Global, ajudando a garantir coerência e consistência na implementação do Acordo de Paris, promovendo soluções que apoiem a execução dos planos climáticos nacionais dos países e melhorem vidas e meios de subsistência.
“Das pequenas empresas às comunidades locais, as pessoas estão no coração da ação climática. Os próximos cinco anos precisam reconhecer e fortalecer aqueles que estão na linha de frente com as ferramentas, financiamento e as parcerias necessárias para transformar soluções em meios de vida e resiliência”, disse Nigar Arpadarai, Campeã de Alto Nível da COP29.
Rumo a Belém: construindo o futuro juntos
Os Campeões engajaram governos, empresas e comunidades na definição da próxima fase da ação climática. Estão incentivando diálogos autogestionados, consultas abertas e rodas de conversas, porque cada voz importa na construção da visão para os próximos cinco anos de uma Agenda Global de Ação Climática adequada ao propósito. Foram feitas consultas na Alemanha, Panamá, Etiópia, além de encontros virtuais.
Momentos-chave previstos incluem:
Climate Week NYC, que acontece essa semana: oportunidade de engajamento informal, desde reuniões bilaterais até mesas-redondas temáticas.
Pre-COP, 13–14 de outubro: oportunidade para que as Partes opinem sobre os elementos centrais da Agenda de Ação daqui para frente.
Consultas ad hoc: mediante solicitação, os Champions estão prontos para criar espaços adicionais de diálogo conforme necessário.
COP30: momento para consolidar a visão coletiva que orientará o próximo capítulo da Agenda Global de Ação Climática.
Próximos cinco anos serão decisivos
Com menos de seis anos para reduzir pela metade as emissões globais e se adaptar aos impactos crescentes da mudança climática, os Campeões destacaram a urgência de sua missão. A visão de cinco anos a ser apresentada na COP30 deverá ser um marco importante para a cooperação climática internacional — alinhando iniciativas voluntárias às prioridades nacionais, evitando a fragmentação de esforços e acelerando a implementação do Acordo de Paris.
“Os próximos cinco anos precisam ser de entrega”, afirma Dan Ioschpe. “Se conseguirmos alinhar o que os governos já acordaram com a liderança de empresas, cidades e comunidades, o Balanço Global pode se tornar um guia para a transformação necessária. Belém será o ponto de partida para erguer essas bases em conjunto.”