SEMANA DO CLIMA

Presidente da COP30 faz chamado para investimentos em combustíveis sustentáveis

Em reunião com os setores público, privado e financeiro, André Corrêa do Lago frisou a importância da transição energética

Embaixador defende transição energética ao participar do Diálogo da Indústria - Combustíveis Sustentáveis ​​na COP30. Foto: COP30 Presidency
Embaixador defende transição energética ao participar do Diálogo da Indústria - Combustíveis Sustentáveis ​​na COP30. Foto: COP30 Presidency

Em reunião com representantes da indústria internacional, na Semana do Clima de Nova York, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou que os combustíveis sustentáveis são essenciais para alcançar a meta Net-Zero de emissões de gases de efeito estufa. Ele ressaltou que fortalecer a cadeia de produção e fornecimento de insumos (como hidrogênio e seus derivados, biogases, biocombustíveis e e-combustíveis) é necessário para garantir que as demandas das populações por energia, transporte, bens e empregos de qualidade sejam atendidas durante a transição energética

“Moléculas sustentáveis ​​são tão importantes quanto elétrons sustentáveis ​​para atingir as metas de zero emissões líquidas. Eletrificação e combustíveis, elétrons e moléculas, são amplamente complementares e essenciais para a transição energética. Não podemos atingir nossos objetivos a menos que tenhamos ambos”, alertou. 

O embaixador fez as declarações ao participar do Diálogo da Indústria - Combustíveis Sustentáveis ​​na COP30, na última terça-feira, 23.

Setor privado 

Durante o evento, líderes de toda a cadeia de valor de combustíveis sustentáveis, entregaram carta a Corrêa do Lago, incentivando a Presidência da COP30 a impulsionar a colaboração e os compromissos internacionais para aumentar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis. 

Líderes do setor de combustíveis sustentáveis entregaram carta a Corrêa do Lago. Foto: COP30 Presidency
Líderes do setor de combustíveis sustentáveis entregaram carta a Corrêa do Lago. Foto: COP30 Presidency

“Alcançar emissões líquidas zero de GEE exigirá combustíveis de baixo carbono para atender aproximadamente 20% da demanda global de energia final até 2050, o que exigirá um aumento substancial em combustíveis sustentáveis ​​em todos os setores”, diz o documento. 

A carta, assinada por mais de 50 empresas de todo o mundo, busca indicar os principais gargalos que precisam ser superados para que o setor privado possa fazer os investimentos  necessários para multiplicar a produção de moléculas sustentáveis, capazes de substituir combustíveis fósseis em setores de difícil descarbonização, como indústria, transporte e químicos. O documento também traz recomendações de políticas regulatórias que, se adotadas por governos nacionais e entes subnacionais, poderiam impulsionar investimentos. 

O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador Maurício Lyrio, encerrou a reunião afirmando que preocupa a relativização da necessidade de acelerar a transição energética. Ele enfatizou que é fundamental preservar o caráter prioritário da transição como tarefa  de todos os países para alcançar os objetivos climáticos e de desenvolvimento sustentável. 

“Uma das prioridades brasileiras na COP30 é a promoção dos combustíveis sustentáveis como solução para setores de difícil descarbonização. Convidamos todos os países a somar-se às iniciativas que o Brasil está promovendo nesta matéria, em particular o compromisso de quadruplicar globalmente a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, a ser adotado na Cúpula de Belém", sublinhou Lyrio. 

Perspectivas para avançar 

Corrêa do Lago relatou que a Agência Internacional de Energia (AIE) apresentou resultados preliminares de um relatório a ser publicado em breve que considera possível quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis ​​até 2035. Entretanto, de acordo com o presidente da COP30, a concretização dessa previsão dependerá de esforços conjuntos.

“Para atingir esse objetivo, precisamos colaborar e trabalhar juntos para superar as barreiras existentes, como a falta de interoperabilidade das metodologias de contabilidade de carbono, os altos custos, a falta de sinais claros de demanda e, em alguns casos, a necessidade de investimento em novas infraestruturas”, pontuou o embaixador.

O Brasil está elaborando uma proposta para que, no segmento de líderes da COP30, governos endossem o compromisso (“pledge”) de elevar quatro vezes, a nível global, a produção e o uso de combustíveis sustentáveis (entendidos como biocombustíveis, biogases, combustíveis sintéticos e hidrogênio e seus derivados) até 2035.

O lançamento oficial da declaração e a publicação do relatório da Agência Internacional de Energia estão previstos para ocorrer na Pre-COP, em Brasília, no dia 14 de outubro. A partir de então, o documento estará aberto para endosso/adesões.