Transcrição do Discurso do Embaixador André Corrêa do Lago na Plenária Informal de Avaliação

Sessão Plenária Informal de Balanço – 21 de novembro – Vídeo
Verificar com o discurso proferido
Bom dia.
Esta é uma plenária informal que vou abrir agora.
E, como vocês sabem, temos uma reunião às 11h com os ministros ou chefes de delegação + 1, na sala Mutirão.
Então poderemos discutir os muitos textos que foram apresentados.
Amigos, estamos aqui juntos.
Depois do incêndio de ontem no local do evento, que foi rapidamente contido, fomos lembrados de nossa vulnerabilidade compartilhada e de como instintivamente nos unimos para agir em momentos de crise.
Gostaria de agradecer à toda a equipe, aos voluntários e aos delegados, que foram incríveis por seu profissionalismo e solidariedade.
Recebemos aqui na Presidência muitas mensagens de apoio.,
Muitas foram muito — realmente muito — fortes, amistosas e sensíveis.
Mas uma chamou minha atenção, e cito meu amigo Mohamed Adow:
“Mesmo em um momento de caos, uma coisa se destacou.
Pessoas de todos os cantos do mundo, de diferentes nações, credos e afiliações, cuidaram umas das outras.”
Obrigado por essa mensagem, Mohamed.
Isso é exatamente o que caracterizou nossa COP diante da crise.
Precisamos responder juntos.
Gostaria, portanto, de agradecer a todos os delegados pelo espírito construtivo durante as consultas que a Presidência conduziu nas últimas horas.
Começamos este ano com muitos desafios geopolíticos.
No contexto do nosso regime, os desafios foram particularmente significativos.
A maior economia do mundo saindo do Acordo de Paris, muito barulho sobre possíveis saídas adicionais.
Ao mesmo tempo, eventos climáticos extremos nos lembrando de que o trabalho que fazemos aqui é urgente.
O mundo está nos observando.
Chegamos a Belém — com Paris reforçado durante os meses seguintes, na mobilização que construímos juntos para fortalecer o regime.
Chegamos aqui com todos vocês, e nos engajamos, e mostramos ao mundo que este regime precisa ser fortalecido, que este regime precisa continuar, e que este regime já alcançou muito mais do que todos aqueles que o criticam tentam convencer o mundo.
Este regime provocou não apenas a ação dos países, das cidades, mas das comunidades, das empresas, da tecnologia.
Todos juntos é a fórmula para alcançar o que realmente precisamos fazer.
Para isso, temos o ciclo de políticas do Acordo de Paris em pleno funcionamento, temos determinação e estamos conscientes da urgência porque ouvimos a ciência.
Mostramos muito claramente aqui em Belém o que significa acelerar a implementação, o que significa usar as decisões que já tomamos, como usar esses instrumentos para garantir que este regime seja entendido como um dos mais importantes motores já criados para permitir a cooperação internacional em direção ao bem comum.
Mas todos sabemos quantos obstáculos existem para transformar palavras em prática.
E também sabemos como é difícil alcançar consenso.
Mas nunca podemos esquecer que o mesmo consenso que às vezes exaspera analistas, exaspera delegados, exaspera tanta gente — é a força deste regime.
O fato de alcançarmos consenso é uma enorme força.
Temos também que mostrar nesta COP que o consenso é uma força.
Acredito que estamos muito próximos do nosso objetivo triplo: fortalecer o multilateralismo, conectar este processo às pessoas e acelerar a implementação do Acordo de Paris.
Sabemos que é um desafio considerável porque, em nossos países, todos os governos enfrentam todo tipo de pressão.
Pressão eleitoral, pressão das fake news, pressão de populações que se sentem frustradas por estarmos há 30 anos — 30 COPs — e que muitas, muitas pessoas não sentem que este regime tocou suas vidas.
Mas, ao mesmo tempo, ao organizarmos esta COP na Amazônia, o presidente Lula quis que o mundo visse não apenas a força e a beleza dessa Amazônia extraordinária, mas também os desafios que temos para desenvolver.
Mesmo um país de renda média como o Brasil — vocês veem a cidade de Belém com tantas qualidades, mas também com tantas pessoas que ainda precisam de muito.
E acredito que mudamos a percepção sobre a relação entre natureza e clima.
Graças aos momentos que todos vocês passaram aqui e viram a complexidade de lidar com uma floresta que não é apenas algo que instintivamente acreditamos que devemos proteger, mas para a qual precisamos encontrar soluções para as pessoas que vivem nela.
E precisamos garantir que ela cumpra seu papel extraordinário, assim como os oceanos — que também tiveram presença muito forte nesta COP — como reguladores do clima.
Vimos aqui nesta COP, por meio da Agenda de Ação, tantos exemplos de como, enfrentando a mudança climática, estamos criando uma nova economia que oferece oportunidades incríveis de crescimento, oportunidades incríveis de empregos.
Esta é — e precisa ser — uma agenda positiva.
Isso não pode ser uma agenda que nos divide.
E, ao mesmo tempo em que tivemos de enfrentar o fato de que a maior economia do mundo havia deixado o Acordo de Paris, precisamos lembrar que todos nós permanecemos nele porque acreditamos nele.
Não podemos estar divididos dentro do Acordo de Paris.
Aqui temos uma percepção de divisão que vem da própria negociação da Convenção do Clima.
Essa noção de divisão tentamos reduzir durante estas negociações por meio de transparência e de soluções que viriam das delegações.
E queremos continuar isso hoje para garantir que encontremos essas soluções juntos, porque todos acreditamos que precisamos fortalecer o Acordo de Paris.
E só podemos fortalecer o Acordo de Paris se tivermos consenso em Belém.
Então, não vamos reforçar essa divisão agora, nos momentos que temos para alcançar um acordo.
Precisamos preservar este regime.
Mas precisamos preservar este regime com espírito de cooperação, não com espírito de quem vai ganhar ou perder.
Porque sabemos que, com o Acordo de Paris — pelo qual lutamos tanto todos esses anos —, se não o fortalecermos, todos perderão.
Todos perderão.
E mostraríamos hoje àqueles que duvidam de que a cooperação é o melhor caminho para o clima — que ficariam absolutamente satisfeitos em ver que não conseguimos chegar a um acordo entre nós — exatamente o que eles querem ver.
Portanto, precisamos chegar a um acordo entre nós.
E todos sabem que mesmo para o país anfitrião, como o Brasil, há desafios muito significativos, e algumas das nossas prioridades podem não avançar como gostaríamos.
Mas esta não é uma presidência orientada para fazer o que o país anfitrião prefere ou favorece.
Vocês têm uma presidência que favorece o fortalecimento de algo que será bom para todos nós.
Então todos precisamos aceitar isso.
Mesmo que você sinta: “Ah, eu ganhei nisso”, isso não é ganhar.
Não é ganhar.
Esta Presidência é aberta — tem sido, durante todos esses meses, aberta e transparente.
E com esse mesmo espírito quero convidá-los para a reunião do Mutirão às 11h.
Será na sala 22.
Nessa ocasião, todas as delegações poderão discutir os documentos que foram circulados no início desta manhã — garantindo que todas as delegações possam se aproximar, negociar e conversar com todas as outras delegações.
Esse exercício é absolutamente essencial, e essa abertura e transparência devem continuar nessa reunião.
Que, como eu disse, será para ministros ou chefes de delegação + um, na sala 22.
Estou ansioso pelas discussões que teremos agora, e confio que faremos o que precisamos fazer para fortalecer Paris — celebrar os 10 anos de Paris — mostrando que podemos ter consenso e que somos muito, muito mais fortes do que todos aqueles que dizem que este processo não pode avançar.
Muito obrigado.
