Vice-presidente do Brasil destaca importância da descarbonização para uma indústria mais inovadora, sustentável e competitiva
O também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, esteve presente no evento de lançamento da consulta pública da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial

Por Rafaela Ferreira/COP30
A consulta pública da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial no Brasil (ENDI) foi lançada nesta segunda-feira, 17/11, pelo vice-presidente do Brasil e também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, durante a COP30. Na ocasião, Alckmin destacou como a descarbonização impulsiona uma indústria brasileira mais inovadora, sustentável e competitiva.
“O que estamos assinando aqui hoje é uma indústria mais inovadora, sustentável, verde, e mais competitiva. O meio ambiente e a sustentabilidade ajudam a economia”, disse o vice-presidente. “A indústria do futuro é de baixo carbono, e a ENDI vai fortalecer a produção nacional, aumentando a competitividade da indústria brasileira em um cenário global que exige baixas emissões. Com essa estratégia, mais uma vez, o Brasil mostra que está na liderança global quando falamos de sustentabilidade.”
A ENDI é uma estratégia do governo brasileiro, coordenada pelo MDIC, que utiliza a descarbonização da indústria como motor de desenvolvimento econômico sustentável. A consulta pública pode ser acessada na plataforma Brasil Participativo e fica aberta às contribuições até 17 de janeiro de 2026.
O Campeão de Alto Nível para o Clima da COP30, Dan Ioschpe, afirmou que o lançamento da consulta pública é um convite à ação. “A implementação será guiada por planos concretos, parcerias e investimentos que aceleram soluções em setores-chave, como energia, transportes, aço, cimento, química e novos materiais. A liderança do setor industrial brasileiro está presente e pronta para mostrar que é possível crescer reduzindo emissões.”
“É isso que a Agenda de Ação da COP30 representa: conectar governos a operadores não estatais para garantir que o que é acordado nas salas de negociação seja implementado na prática. Mais energias renováveis, infraestrutura resiliente e financiamento fluindo para onde é mais necessário”, apontou Dan Ioschpe.
Neutralidade climática
A consulta tem como objetivo valorizar a vantagem comparativa do Brasil em emissões industriais; descarbonizar a indústria existente, modernizando processos e substituindo insumos intensivos em carbono; e criar cadeias industriais verdes, baseadas em bioinsumos, carbono biogênico e minerais estratégicos.
A iniciativa pretende aumentar a demanda por insumos e produtos sustentáveis; estimular tecnologias e cadeias sustentáveis; fortalecer a competitividade e a inovação industrial; e promover condições habilitadoras para a descarbonização, contribuindo para a neutralidade climática do Brasil até 2050 e para o desenvolvimento regional.
Também presente no lançamento, a secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Julia Cruz, pontuou o compromisso brasileiro em chegar à neutralidade climática até 2050. “Esse conceito significa equilíbrio. Significa que nós vamos, do ponto de vista da indústria, reduzir ao máximo todas as emissões que conseguirmos. E, aquilo que não for possível reduzir, vai ser retirado da atmosfera por meio de processos de reflorestamento e tecnologias de captura de carbono”.
Ela ainda explicou como a neutralidade climática caminha junto com o crescimento da indústria. “Se é verdade que precisamos descarbonizar a indústria brasileira, também é verdade que essa indústria precisa crescer. Por isso, a descarbonização é uma alavanca para a competitividade da indústria brasileira. Ela atrai investimento verde, permite exportações na medida em que produtos descarbonizados não enfrentam barreiras tarifárias no exterior, além de fomentar a inovação no setor industrial”, apontou.
A ENDI ainda estabelece quatro pilares estratégicos para fomentar o diálogo multissetorial. O primeiro é em Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação (PD&I) e capacitação profissional, com fomento à inovação tecnológica nacional e formação de mão de obra qualificada para apoiar a transição. O segundo é em insumos descarbonizantes, propondo a substituição de matérias-primas e fontes energéticas fósseis por alternativas sustentáveis, como biomassa, hidrogênio de baixa emissão e materiais reciclados.
Outro pilar da iniciativa é o estímulo à demanda por produtos de baixo carbono com a consolidação de mercados sustentáveis por meio de certificações, rotulagens e políticas de compras públicas. Por fim, o financiamento e incentivos à criação de instrumentos de crédito, incentivos fiscais e mecanismos de defesa comercial que garantam a viabilidade da transição industrial.
Carta engajamento

No lançamento da consulta pública, também foi assinada a carta de engajamento pela MDIC, junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelos setores energointensivos da indústria. O documento reafirma o compromisso com o desenvolvimento sustentável, o avanço da inovação tecnológica e a construção de uma economia industrial de baixo carbono.
Na ocasião, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e vice-presidente da CNI, Alex Carvalho, explicou a importância da assinatura. “A CNI, representando a indústria brasileira, assinará uma carta de engajamento, com o MDIC, no intuito de reafirmar nossa disposição em cooperar de forma contínua em um construção conjunta, visando o fortalecimento de uma indústria brasileira engajada em reduzir a intensidade de carbono em seus processos.”
O ato consolidou a cooperação entre governo federal e setor produtivo, reforçando a disposição da indústria em contribuir para a redução da intensidade de carbono na produção e para o fortalecimento de uma base industrial inovadora, competitiva e socialmente responsável, condição essencial para que o Brasil alcance as metas climáticas até 2050.
