9ª carta

Presidência da COP30 divulga Nona Carta: um chamado à aceleração, cooperação e coragem enquanto o mundo se dirige a Belém

Baseada na urgência científica e no legado do Acordo de Paris, a carta convida todos os atores a transformar as lacunas climáticas globais em alavancas de transformação

O texto também reitera as três prioridades: reforçar o multilateralismo e o regime climático sob a UNFCCC; conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e acelerar a implementação do Acordo de Paris. Foto: Rafael Medelima / COP30 Brasil
O texto também reitera as três prioridades: reforçar o multilateralismo e o regime climático sob a UNFCCC; conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e acelerar a implementação do Acordo de Paris. Foto: Rafael Medelima / COP30 Brasil

A poucos dias da abertura da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30, divulgou nesta sábado, 8/11, sua nona carta aberta à comunidade internacional, conclamando governos, instituições e atores globais a responder à mudança do clima com ação determinada e propósito compartilhado. O texto destaca o desafio crucial de manter vivo o objetivo de 1,5 °C, por meio da aceleração da implementação e do reforço da cooperação internacional.

Baseada na urgência científica e no legado do Acordo de Paris, a carta convida todos os atores a transformar as lacunas climáticas globais em alavancas de transformação. Com base em relatórios recentes — incluindo o Global Tipping Points Report, os Relatórios de Lacuna de Emissões e de Adaptação do PNUMA, e a Síntese de NDCs da UNFCCC — o documento reconhece a dimensão dos desafios e as ferramentas disponíveis para enfrentá-los enquanto a comunidade internacional se reúne em Belém.

“O desafio que se coloca não é apenas identificar o que falta, mas mobilizar o que impulsiona – converter os déficits de ambição, financiamento e tecnologia em forças de aceleração.”, escreve o Embaixador Corrêa do Lago.

A carta reafirma que o Acordo de Paris está funcionando. Após a conclusão do seu livro de regras na COP29, a COP30 será a primeira conferência em que todo o ciclo de políticas do Acordo de Paris estará em operação. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs), os Relatórios Bienais de Transparência (BTRs) e o Estrutura Aprimorada de Transparência (ETF) agora são instrumentos ativos da governança climática global.

O texto também reitera as três prioridades interconectadas que orientam a visão da Presidência brasileira para a COP30: reforçar o multilateralismo e o regime climático sob a UNFCCC; conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e acelerar a implementação do Acordo de Paris.

No centro dessa visão está uma mudança na forma como a ambição é definida. A Presidência faz um apelo claro: acelerar a implementação deve ser a nova medida de ambição. Da energia limpa à restauração florestal, da mitigação do metano à infraestrutura digital, o mundo deve ampliar suas ações com rapidez e equidade.

Essas soluções estão sendo promovidas na agenda de negociações, na Agenda de Ação, na Cúpula do Clima de Belém e no Mutirão Global. Estruturada em seis eixos temáticos, a Agenda de Ação funcionará como uma plataforma para canalizar a cooperação e a coordenação globais em torno de pontos de inflexão positivos. De finanças a florestas, de energia a empreendedorismo, Belém oferecerá uma plataforma de convergência — onde esforços locais e globais se fortalecem mutuamente.

A Presidência também enfatiza a Amazônia como contexto e catalisador. Com o desmatamento em queda pelo terceiro ano consecutivo no Brasil, e com novos mecanismos financeiros como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), a carta destaca que proteger ecossistemas e pessoas deve caminhar lado a lado.

“Em Belém, a verdade deve encontrar a transformação, e a ciência deve tornar-se solidariedade,” escreve o Embaixador Corrêa do Lago. “A COP30 pode ser a COP em que mudamos o rumo da luta climática.”