SÉRIE INFRA COP30

Para a COP30, governo federal reforça investimentos em educação ambiental

Sede da maior conferência global sobre o clima, Belém também recebe atividades de educação ambiental para jovens e adultos, na promoção do engajamento cidadão e do protagonismo social

São princípios básicos da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo - Foto: Divulgação / Getty Images
São princípios básicos da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo - Foto: Divulgação / Getty Images

Por Franciéli Barcellos de Moraes | COP30

Educação ambiental para a sustentabilidade está entre os investimentos do governo federal, por meio da Itaipu Binacional, em Belém, sede da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que acontece em novembro. Por meio do Convênio 71, em que também estão abarcadas a compra de um barco movido a hidrogênio, reformas de Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs) e a estruturação de um Centro de Inovação em Bioeconomia, a Itaipu busca deixar um legado não apenas infraestrutural, mas especialmente social à comunidade local. 

Os investimentos na cidade representam o maior aporte da história da empresa fora de sua área de atuação prioritária. Para o Convênio, está destinado um valor de cerca de R$ 40 milhões de reais. Um importante marco na execução das ações do convênio ocorreu no último dia 26 de maio, com o lançamento do programa Coleta Mais Belém, para a estruturação da coleta seletiva em parceria com quatro cooperativas da capital paraense. 

Carlos Carboni, diretor de Coordenação de Itaipu, no lançamento da publicação "Os Caminhos da Educação Ambiental na Itaipu Binacional", reforçou a importância de iniciativas neste caminho. "Eu acredito que a educação ambiental faz esse papel de conscientizar as pessoas. De não apenas mobilizar, o que é extraordinário, mas de estabelecer o compromisso da transformação", disse ele. São mais de um milhão de pessoas beneficiadas diretamente apenas pelas ações de saneamento, em 37 bairros diferentes. 

Uma visão compartilhada com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva. "A educação ambiental tem vários papéis e nos ajuda também a pensar diferente em relação ao que queremos como país, como sociedade, como comunidade e como indivíduos", explanou ela quando participou, no último ano, da sessão especial do Senado Federal alusiva aos 25 anos da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).

Com ações formativas e práticas dirigidas à comunidade escolar, às lideranças comunitárias e aos catadores das UVRs, as atividades propostas pelo Convênio têm por objetivo a promoção do engajamento cidadão e do protagonismo social voltados à construção de alternativas de desenvolvimento justo e sustentável. Entre as principais atividades, destacam-se a formação de professores — com a realização de seminários planejados para cerca de mil docentes — e a oferta de um curso na modalidade de ensino à distância, em parceria com a Escola Internacional de Sustentabilidade da Itaipu. A primeira oficina, ainda no ano passado, teve como palestrante Ailton Krenak, primeiro indígena a se tornar "imortal" da Academia Brasileira de Letras.

"A educação ambiental é uma forma lúdica e didática de trabalhar o que, às vezes, se acha estar muito distante da nossa realidade, como a mudança do clima, essa ideia como se fosse algo para longe. Mas a gente sabe que, diariamente, aqui em Belém, já estamos sentindo os efeitos dessas mudanças. Então, a educação ambiental é mostrar que a conscientização não é para depois, ela é para agora"
— Ana Luiza de Araújo, geógrafa e ativista ambiental amazônida que compõem o projeto

O projeto também prevê a elaboração de materiais didáticos e a realização de dez oficinas sobre temas diversos, como hortas comunitárias, biojoias, fotografia da natureza, expressão artística com elementos naturais, aproveitamento de resíduos (como o óleo de cozinha), jogos socioeducativos e grafite. Até a COP30, ainda estão previstas 68 apresentações teatrais com roteiros voltados à temática da reciclagem, realizadas em espaços como feiras e associações de moradores.

Desde a criação do Ecomuseu, em 1987, a educação ambiental é um dos fundamentos da atuação socioambiental da Itaipu Binacional, que tem por base documentos planetários como a Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Implementação de biodigestores

Reforçando o compromisso com a sustentabilidade no cotidiano escolar, o projeto também inclui a implementação de 36 biodigestores (equipamento que transforma matéria orgânica em biogás e biofertilizante) em escolas municipais. A iniciativa envolve 32 escolas, incluindo unidades localizadas na região insular de Belém, e atende aproximadamente 18 mil estudantes da educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental. 

As atividades são integradas ao projeto político-pedagógico das escolas e desenvolvidas por meio de oficinas práticas, conteúdos vinculados às disciplinas e ações em turno inverso. Mais da metade das escolas já tiveram os biodigestores instalados, o que permite uma economia às instituições de ensino, por conta da geração de gás de cozinha.