AGENDA DE AÇÃO

"O momento da Agenda de Ação é agora", conclamam os campeões de Alto Nível da COP

No centro das articulações em Bonn, Alemanha, Dan Ioschpe (COP30) e Nigar Arpadarai (COP29) destacam papel essencial de atores não estatais para cumprir metas do Acordo de Paris

Evento teve à mesa a coordenação da COP30 e da UNFCCC Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil
Evento teve à mesa a coordenação da COP30 e da UNFCCC Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil

Por Franciéli Barcellos de Moraes | COP30

À medida que o mundo se prepara para a COP30, a importância dos Campeões de Alto Nível para o Clima ganha ênfase como peça fundamental para transformar a Agenda de Ação da Conferência em resultados concretos. Eles funcionam como elo entre os governos, que negociam as metas climáticas, e a sociedade civil, principal responsável pela implementação dos acordos. 

A atuação  de Nigar Arpadarai (COP29) e Dan Ioschpe (COP30), que trabalham em simultaneidade para o sucesso da Agenda, esteve em destaque nesta sexta-feira, 20/06, em Bonn, na Alemanha. O evento, mais um no escopo de agendas da 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (SB62), lotou a sala Bangkok do Centro Global de Convenções de Bonn, e detalhou a quarta carta da presidência brasileira da Conferência.

A carta pode ser lida na íntegra aqui.

“Para mim, a razão mais clara pela qual essa Agenda tem um papel importante é que ela traz para a COP os atores que vão implementar as decisões, e que não podem negociar. Porque nós, os negociadores, representamos os Estados, os países. Agora, para a implementação, é um pouco diferente. O governo aprova, mas quem implementa são outros, claro, com o apoio do governo. Estou totalmente convencido de que precisamos envolver cada vez mais aqueles que são os verdadeiros implementadores das decisões tomadas”, colocou o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago.

"Esta é a nossa função, levar essas mensagens ao redor do mundo, cruzar informações, mobilizar, dinamizar, sempre com o objetivo de gerar mais ação climática em direção aos objetivos do Acordo de Paris"
— DAN IOSCHPE, Campeão do Clima da COP30

É neste sentido que o protagonismo dos campeões entra em jogo, já que entre as incumbencias do cargo, está o de ser ponte dinâmica entre os negociadores e os atores não estatais, como empresas, organizações não governamentais, cidades e a sociedade civil. Enquanto os negociadores definem as metas, Nigar e Dan são responsáveis por mobilizar esses outros atores, garantindo que os acordos climáticos se traduzam em impactos tangíveis para um futuro sustentável.

“Esta é a nossa função, levar essas mensagens ao redor do mundo, cruzar informações, mobilizar, dinamizar, sempre com o objetivo de gerar mais ação climática em direção aos objetivos do Acordo de Paris”, pontuou o Campeão brasileiro, Dan Ioschpe, firmando que cabe à sociedade não governamental avançar com grande aceleração, escalando os projetos com o conhecimento já disponível sobre tecnologias, além dos recursos humanos e financeiros necessários.

“Meu foco este ano é elevar o ecossistema da economia real para o próximo nível. Isso significa colocar as pequenas e médias empresas (PMEs), o coração pulsante de nossas economias no centro”, acrescentou sua colega, a campeã de Baku, Nigar Arpadarai, sobre o papel junto ao setor privado. A membra da Assembleia Nacional do Azerbaijão apresentou dados destacando que as PMEs representam 90% do emprego e 40% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo centrais para uma transição justa e inclusiva. “A transição verde é uma maratona, não uma corrida de velocidade, e precisamos correr juntos. Muito já foi feito, caros amigos, mas ainda não é suficiente”, finalizou ela. 

Conheça o perfil de Dan e Nigar, bem de campeões anteriores.

A Agenda de Ação propõe uma estratégia unificada e transversal para dinamizar a implementação dos acordos firmados no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e do Acordo de Paris e é um dos quatro pilares da Presidência da COP30, junto à Cúpula de chefes de Estado, negociação e mobilização. Na primeira década do Acordo de Paris, foram criadas mais de 475 iniciativas dentro da Agenda, com engajamento de mais de 40 mil negócios, investidores, entidades civis, governo locais, entre outros.

Também compuseram a mesa a CEO da COP30 (Ana Toni), o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e Sherpa do Brasil no BRICS (Mauricio Lyrio), o secretário-executivo da UNFCCC (Simon Stiell) e a ministra dos Povos Indígenas do Brasil (Sônia Guajajara). Após a abertura, deu-se seguimento para as negociações entre as Partes.