Children’s day at COP30: adolescentes do CPA integram debates sobre participação e justiça climática
Atividades compõem o conjunto de eventos com ênfase na participação infantojuvenil que ocorreram na segunda semana da COP30.

Por Ruanne Josefa, da Agência Jovem de Notícias/Viração
A agenda das infâncias e adolescências foi um dos destaques da segunda semana da COP30. Ao longo do dia 17 de novembro, diferentes atividades reuniram adolescentes em espaços oficiais e paralelos da Conferência. A Agência Jovem de Notícias acompanhou a participação de integrantes do Comitê de Participação de Adolescentes (CPA), do Conanda, em dois eventos: o debate “Diálogos sobre Participação de Adolescentes nas Políticas Públicas e Agenda Climática”, realizado na Green Zone, e o painel “Infância, Justiça Climática e Participação Social”, promovido na Casa das ONGs.
Manoela Laurinho, 16, de Melgaço, na Ilha do Marajó (PA), e Ana Beatriz, 15, indígena Makuxi, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), integrantes do Comitê de Participação de Adolescentes (CPA), participaram das discussões e compartilharam suas vivências territoriais e defenderam a importância de políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes.
O CPA é composto por 47 adolescentes — 27 indicados pelos Conselhos Estaduais e do Distrito Federal, 10 selecionados por meio de seleção virtual e 10 representantes de grupos sociais diversos. Para Manoela, o comitê é um espaço fundamental para garantir que jovens sejam escutados. “É onde nós, por direito, temos vozes e somos escutados, onde mostramos nossas realidades e vivências”, explicou.
Ana Beatriz reforça que o CPA rompe com a ideia de que adolescentes não têm opinião ou capacidade de contribuir no debate público. “A maioria dos adultos olha e fala que nós, crianças e adolescentes, não temos capacidade de ter uma opinião própria, sendo que muitas vezes nem os adultos têm. Mas sim, nós somos capazes, temos voz ativa”. Ela destaca ainda um dos princípios centrais da atuação do grupo: “Nada para nós sem nós!”
As duas jovens também apresentaram as condições de vida em seus territórios. Manoela descreveu a realidade de Melgaço, cidade ribeirinha do arquipélago do Marajó. Segundo ela, embora a região não lide com os níveis de poluição das grandes cidades, enfrenta dificuldades relacionadas ao acesso a serviços públicos básicos.
Já Ana Beatriz trouxe relatos mais graves da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, apontando problemas ambientais e de saúde causados por ações ilegais. “Lá a gente tem esgoto a céu aberto nas ruas… o lixo é coletado e jogado num buracão e tacam fogo. O resíduo entra no igarapé perto da cidade.”
Apesar dos desafios, ambas destacaram que participar do CPA e da COP30 fortalece suas vozes e amplia a visibilidade de jovens que vivenciam diretamente os impactos das crises ambientais e da ausência de políticas públicas efetivas. Para elas, adolescentes devem ocupar lugar central nas discussões sobre clima e direitos, especialmente por integrarem os grupos mais afetados.
A presença das jovens na COP30 contribui para aproximar as decisões internacionais das realidades locais e reforça a urgência de políticas públicas que considerem os territórios e suas especificidades. Como afirmaram, não é possível construir políticas para crianças e adolescentes sem a participação ativa de quem vive essa etapa da vida.
*As opiniões expressas neste artigo são do próprio escritor. O conteúdo foi publicado originalmente na Agência Jovem de Notícias.
