Infraestrutura

“Cada centavo que colocamos aqui é do povo de Belém”, diz Lula durante visita às obras da COP30

Presidente visitou o Canal da União, Porto Futuro II e Parque da Cidade. Projetos deixarão legado de melhoria na infraestrutura urbana, saneamento e qualidade de vida para a população paraense

Presidente Lula durante visita ao Porto Futuro II, complexo cultural e de lazer que vai requalificar o antigo porto industrial de Belém. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula durante visita ao Porto Futuro II, complexo cultural e de lazer que vai requalificar o antigo porto industrial de Belém. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por Presidência da República

“Cada centavo que nós colocamos aqui é do povo de Belém e ninguém tira mais”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita às obras integradas para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), nesta sexta-feira, 3/10.

Lula vistoriou o Parque da Cidade, que sediará os eventos da Conferência, e reforçou que as intervenções vão beneficiar a população muito além dos 20 dias do evento. “Não tem obra só para a COP. A COP é um evento que vai durar 20 dias no máximo. Depois, essas obras todas vão ficar para o povo do estado do Pará, para o povo da cidade de Belém. Quando a COP sair, cada centavo que nós colocamos aqui é do povo de Belém, aí ninguém tira mais”, ressaltou.

Durante as visitas, o presidente também citou os impactos na mobilidade e no turismo da cidade. “Quando esses canais estiverem bem tratados, estiverem bonitos, as ruas estiverem bem tratadas, bonitas, também vai vir turista. Se a gente melhorar a qualidade de vida do povo de Belém, significa aumentar a possibilidade de vir mais turistas para o estado do Pará e para a cidade de Belém”.

SEDE DA COP30 — Considerada a maior intervenção urbana de Belém nos últimos 100 anos, o Parque da Cidade ocupa 500 mil m² de uma área que já foi um aeroporto, no bairro da Sacramenta. O espaço será o principal palco da COP30, abrigando as Zonas Azul e Verde da conferência.

A Zona Azul é o palco onde ocorrem as negociações oficiais, da Cúpula de Líderes e dos pavilhões nacionais. O acesso é restrito às delegações oficiais, chefes de Estado, observadores e imprensa credenciada.

Já a Zona Verde traz visibilidade para soluções e parceiros que fortalecem o compromisso com uma abordagem ambiental, social e de governança (ESG) de diálogo internacional. Com acesso livre ao público, o espaço promove o engajamento democrático, a pluralidade de vozes e a transparência no debate climático.

ESTRUTURA — O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou a infraestrutura do Parque da Cidade. “Quanto mais gente vier para Belém, mais gente vai descobrir a maravilha que é essa cidade e a maneira que o mundo vai ser abraçado pelas pessoas. A infraestrutura é fantástica. Já é reconhecida como a mais bem bolada de todas as COPs. O corredor central é absolutamente brilhante, facílimo de circular”.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, enfatizou que o evento será marcante para os visitantes. “O mundo sairá daqui encantado ao conhecer a Amazônia e se surpreenderá. Eles se encantarão, não só com a infraestrutura, mas com o calor humano, com a culinária e com o acolhimento do povo brasileiro e do estado do Pará”, disse o ministro.

PROJETO PAISAGÍSTICO — Além de um projeto paisagístico com mais de 2.500 árvores, 190 mil plantas ornamentais e 83 mil metros quadrados de áreas gramadas, o Parque incorpora tecnologias de mitigação climática, como o uso de energia solar fotovoltaica e sistemas de captação e reaproveitamento de água da chuva.

ESPAÇO DE LAZER — O Parque foi entregue para a população e aberto em julho de 2025, recebendo mais de 670 mil visitantes antes de ser fechado temporariamente para a montagem das estruturas da COP30. O local reúne Centro de Economia Criativa, Centro Gastronômico, cinema, teatro, biblioteca, torre de contemplação, quadras poliesportivas, ciclovia e um parque aquático infantil.

CANAL DA UNIÃO — Pela manhã, o presidente Lula visitou as obras de macrodrenagem e urbanização do Canal da União, parte do conjunto de obras já entregues dos canais Vileta, Leal Martins e Timbó. O objetivo é mitigar os problemas de alagamento na capital paraense, contribuindo para a preparação da cidade para eventos como a COP30.

O Canal é parte integrante do projeto de macrodrenagem da Bacia do Tucunduba, que é considerado um marco para a melhoria da qualidade de vida nos bairros do Guamá, Terra Firme, Canudos e Marco. As intervenções incluem 350 metros de retificação de canal, redes de água e esgoto, drenagem pluvial, três passarelas, uma ponte e urbanização de vias e calçadas com piso tátil.

O conjunto integra o maior projeto de urbanização de favelas e periferias financiado pelo BNDES, que soma R$ 847 milhões. Ao todo, 12 canais estão em obras, beneficiando mais de 500 mil pessoas, cerca de 35% da população da capital.

LEGADO PARA O ESTADO — As obras fazem parte do legado de infraestrutura urbana que será deixado à cidade para além da COP30, com financiamento total de R$ 1,5 bilhão do BNDES ao governo do estado. O maior projeto, com crédito de R$ 740 milhões do Banco, é o de macrodrenagem das bacias do Tucunduba e Murucutu, que combate o problema histórico de inundações em bairros como Guamá, Marco e Terra Firme, beneficiando 300 mil moradores. As intervenções incluem a retificação de quase 10 km de canais, além da construção de vias, ciclovias, pontes e redes de saneamento.

O BNDES também financia outras obras estratégicas. No bairro do Mangueirão, o investimento de R$ 107 milhões resolve problemas de alagamento e melhora o tráfego. Na Avenida Tamandaré, estão sendo aplicados R$ 162,8 milhões na criação de um parque linear e outros R$ 23,7 milhões em um novo terminal fluvial. Já a Rua da Marinha está sendo modernizada com R$ 248,5 milhões, ganhando faixas exclusivas para ônibus e ciclovia.

MODERNIZAÇÃO — Além disso, o Banco apoia a modernização de equipamentos estratégicos. O Hangar Centro de Convenções está sendo completamente revitalizado, com 97% das obras concluídas. O novo Terminal Hidroviário Internacional, com aporte de R$ 53,7 milhões, terá capacidade para grandes embarcações, e o histórico Complexo Mercedários está sendo restaurado com um investimento de R$ 36,9 milhões.

PORTO FUTURO II — Lula também conferiu o avanço das obras do Porto Futuro II, que requalifica o antigo porto industrial da capital paraense. O local agora é um complexo cultural e de lazer em fase de conclusão. Lá, o presidente participou da entrega do Museu das Amazônias, espaço dedicado a valorizar a ciência e a tecnologia da região.

O espaço abriga as exposições “Amazônia”, do fotógrafo Sebastião Salgado. “As fotos não são um retrato da realidade, são uma interpretação que o Sebastião faz. Elas vão permitir que o espectador se depare com a incrível biodiversidade amazônica. O espectador vai poder encontrar os povos que protegem essa biodiversidade”, explicou Juliano Salgado, filho do artista falecido em maio deste ano.

DIVERSIDADE — O local também contempla a exposição “Ajurí”, concebida exclusivamente para o Museu. A co-curadora Joice Ferreira ressaltou a diversidade representada no Museu das Amazônias. “Esse nome reconhece a pluralidade que tem nas Amazônias. Nós temos um território com características comuns, mas também com uma diversidade muito grande. O museu faz uma grande referência à Amazônia, à diversidade biocultural da região, mas também às crises que ela enfrenta”, disse.

O presidente Lula inaugurou o Museu das Amazônias, um espaço dedicado a valorizar a ciência e a tecnologia da região. Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Lula inaugurou o Museu das Amazônias, um espaço dedicado a valorizar a ciência e a tecnologia da região. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Com parceria técnica e apoio financeiro não reembolsável de R$ 10 milhões do BNDES, o Museu foi projetado para ser uma referência em práticas museológicas inovadoras, inclusivas e conectadas aos territórios.O local conta com dois grandes espaços expositivos, de 950 m² e 500 m², além de uma loja, uma sala multiuso e uma sala educativa de 77 m². A sala multiuso dispõe de estrutura modular, recursos multimídia e capacidade para 130 pessoas sentadas.

GASTRONOMIA — Ainda no Porto Futuro II, o presidente Lula conferiu as obras do Porto Gastronômico, que promoverá imersão gastronômica que valoriza a força e a criatividade da culinária paraense e amazônica. A proposta é oferecer uma experiência diversa, que destaca produtores e sabores da região, e fomenta a economia criativa com o trabalho de empreendedores paraenses. O projeto reúne 15 empreendimentos locais.

BIOECONOMIA — Já o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia é o primeiro espaço do Brasil dedicado a startups, industrialização de produtos florestais e cadeias produtivas sustentáveis. O novo parque será um centro de negócios, pesquisa e inovação voltado à industrialização de produtos da floresta e ao fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis.

A estrutura abrange: laboratório-fábrica (alimentos, cosméticos, fármacos, derivados florestais); coworkings e laboratórios de desenvolvimento de produtos; showroom de Inovação (balcão único para negócios) e Centro de Gastronomia Social.

Na quarta-feira (2/10), o presidente havia realizado visitas a outras obras em preparação para a COP30.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) UNA — considerada a maior ETE do estado paraense em quantidade de pessoas atendidas, a obra contou com investimento de R$ 125,2 milhões, sendo R$ 49,5 milhões do governo do Brasil e R$ 75,7 milhões de contrapartida do governo do Pará. 

A estação tem capacidade para tratar até 475 litros de esgoto por segundo e vai evitar o lançamento de esgoto in natura na Baía do Guajará. Mais de 90 mil pessoas serão beneficiadas, com o atendimento a 10 bairros: parte dos bairros da Campina, Nazaré, São Braz, Marco, Sacramenta e integralmente os bairros de Umarizal, Fátima, Telégrafo, Pedreira e Reduto.

NOVA DOCA — localizado ao longo do canal da Doca e da importante Avenida Visconde de Souza Franco, o Parque Linear da Nova Doca foi realizado em parceria do governo do Pará e federal (por meio da Itaipu Binacional, que investiu R$ 312,2 milhões). São 24 mil metros quadrados de área construída e requalificada, distribuídos ao longo de 1,2 quilômetro de canal.

O projeto melhora as condições de deslocamento e fluidez do trânsito, com a implantação de via elevada com conceito que prioriza o pedestre. A área também recebeu paisagismo, equipamentos de lazer, práticas esportivas e mirantes de contemplação, academia ao ar livre, quiosques de alimentação e parque infantil. Pavimento e passeios foram restaurados e implantados, e a ciclovia foi incorporada ao desenho do parque com percurso junto aos canteiros arborizados.

“Aqui a gente trata da floresta, a gente trata dos seres humanos e a gente trata de melhorar a qualidade de vida da cidade. O que vocês vão saber é que ainda não estão todos os problemas resolvidos, mas a verdade é que Belém será outra cidade depois da COP30. Esperem para ver”, declarou Lula.