Agricultura Marinha

Brasil anuncia entrada na Iniciativa Global para as Algas Marinhas na COP30

A ação busca promover práticas sustentáveis na cadeia das algas, ampliar a inclusão de pequenos produtores e fortalecer a cooperação internacional em sustentabilidade, ciência, comércio e inovação na algicultura

Anúncio foi realizado durante o painel “Sistemas Alimentares Aquáticos como Soluções Climáticas” durante a COP30. Foto: Reprodução/MPA
Anúncio foi realizado durante o painel “Sistemas Alimentares Aquáticos como Soluções Climáticas” durante a COP30. Foto: Reprodução/MPA

Por Ministério da Pesca e Aquicultura

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) anunciou que o Brasil passará a integrar a Iniciativa Global para as Algas Marinhas — United Nations Global Seaweed Initiative (UNGSI). A adesão reforça o compromisso nacional com práticas sustentáveis de produção e comercialização de algas, ampliando a inclusão e pequenos produtores e estimulando a cooperação internacional em sustentabilidade, ciência, comércio e inovação na agicultura.

Durante o painel “Sistemas Alimentares Aquáticos como Soluções Climáticas”, realizado no Pavilhão Brasil, na Blue Zone da COP30, na quinta-feira (21), autoridades destacaram o papel estratégico da algicultura para a economia azul e para sistemas alimentares sustentáveis.

O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, afirmou que o setor reúne oportunidades expressivas para o país. “A algicultura integra biodiversidade, bioeconomia e desenvolvimento territorial, além de abrir novas oportunidades para produtores, pesquisadores e empreendedores. Estamos trabalhando para que o Brasil avance com segurança regulatória, conhecimento técnico e novos investimentos”, afirmou.

Para a secretária nacional de Aquicultura, Fernanda de Paula, o Brasil avança na construção de um ambiente regulatório orientado por ciência e inovação. Ela destacou que o setor pode se tornar um dos novos pilares da economia azul, com impactos diretos em segurança alimentar, adaptação climática e geração de trabalho digno. “A algicultura reúne um potencial extraordinário, mas ainda enfrenta investimentos dispersos e regulações fragmentadas. Precisamos de uma abordagem colaborativa entre governos, agências internacionais, ciência, setor privado e comunidades costeiras”, explicou.

Agenda de Ação

O MPA, por meio da Secretaria Nacional de Aquicultura e da Assessoria Internacional, colaborou na elaboração do Termo de Referência e da Nota Conceitual da iniciativa, ao lado de representantes de dez países e organismos internacionais. Madagascar, Indonésia e França já confirmaram participação; Brasil e Chile são apoiadores, junto ao Banco Mundial, CEVA, CNRS, ISA, SAMS e outras instituições.

A Iniciativa Global para as Algas Marinhas integra a Agenda de Ação da COP30, no eixo de Transformação da Agricultura e Sistemas Alimentares, que busca promover sistemas alimentares mais resilientes e sustentáveis. No processo preparatório, o MPA liderou o Plano de Aceleração de Soluções “Múltiplos benefícios climáticos da algicultura”, em parceria com a UNCTAD, FAO, Coalizão dos Alimentos Aquáticos, Aquatic Food & Ocean Breakthroughs e WorldFish.

Presente no painel, a cozinheira tradicional Aparecida Alves, da Praia de São Gonçalo (Paraty), relatou resultados ambientais e sociais do cultivo comunitário. “Com o trabalho da Kappaphycus alvarezii, vimos a água mais limpa e a volta de espécies marinhas ao redor dos plantios. Isso mostra que a algicultura pode melhorar o território quando é feita com cuidado e conhecimento. Ela pode gerar renda e fortalecer a soberania alimentar, mas isso só acontece quando quem vive do mar é ouvido desde o início”, afirmou.