BOLETIM DE RÁDIO COP30 BRASIL

Boletim COP30 Brasil #64 - “Chega de conversa, é hora de fazer”: Balanço Ético Global na Etiópia reforça protagonismo da juventude na crise climática

Juventude africana reunida em Adis Abeba cobra protagonismo, empregos verdes e governança inclusiva, apontando a COP30 como marco para justiça climática. Ouça a reportagem e saiba mais.

Juventude africana cobra protagonismo e empregos verdes rumo à COP30 em Belém - Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil/PR
Juventude africana cobra protagonismo e empregos verdes rumo à COP30 em Belém - Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil/PR

Reportagem e locução: Leandro Molina / COP30 

Repórter: Jovens de diferentes países do continente africano participaram em Adis Abeba, capital da Etiópia, do Balanço Ético Global da Juventude. O evento reuniu jovens que atuam em áreas relacionadas à mudança do clima e redes africanas e latino-americanas de juventude climática. A reunião foi na sede da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África. A brasileira jovem campeã do clima da COP30, Marcele Oliveira, destacou a força e o protagonismo da juventude no debate do Balanço Ético Global. Segundo ela, o encontro em Adis Abeba, “berço da humanidade”, simboliza o papel essencial das novas gerações na construção de soluções para a crise do clima.

Marcele Oliveira: A gente tratou muito sobre a expectativa não só para o COP30, mas para o debate de justiça climática. A perspectiva é de que o debate de justiça climática passe a ter muito mais referências do Sul Global a partir do COP30, e que se impulsione a educação climática, que se impulsione a visibilidade e as oportunidades. E que isso também impulsione um debate mais real, um debate de implementação. Chega de conversa, é hora de fazer. E quem tem essa dimensão é justamente quem está no dia a dia enfrentando de forma desproporcional a consequência da mudança do clima. A expectativa foi trazida muito nesse sentido de como é bom pra todo mundo uma COP30 de sucesso. É isso que a gente vai fazer. 

Repórter: A agenda na África foi considerada de peso simbólico especial, pois além de reunir jovens de diferentes países, trouxe uma forte presença africana em um momento em que o continente clama por justiça climática. Entre as propostas discutidas estavam empregos verdes, estratégias de adaptação, integração entre clima e segurança, e comunicação efetiva para combater a desinformação. Para a etíope Siham Ahmed, da organização EcoJustice Etiópia, discutir a crise climática sem ouvir a juventude é ignorar a maioria da população do continente.

Sham Ahmed: Mais de 70% da população da Etiópia é jovem, e o mesmo acontece em toda a África, onde mais da metade das pessoas têm menos de 30 anos. Excluir essas vozes das decisões significa negar a realidade demográfica dos nossos países.

Repórter: A ambientalista queniana co-líder do Balanço Ético Global, Wanjira Mathai, defendeu que a juventude deve ser reconhecida não apenas como promessa para o futuro, mas como liderança ativa no presente. Para ela, o engajamento jovem é decisivo porque são justamente as novas gerações que enfrentarão os impactos mais severos da crise climática. 

Wanjira Mathai: Não podemos tratá-los apenas como uma categoria social. Eles são líderes agora. Precisamos deles para construir um legado de justiça, de transparência e de ação real diante da crise climática.

Repórter: O Balanço Ético Global é um dos círculos criados pela presidência brasileira da COP30 para aproximar lideranças globais de diferentes setores. Além dos diálogos regionais — como os que ocorreram nesta semana em Adis Abeba — os encontros autogestionados são uma peça central dessa estratégia. Qualquer pessoa, organização ou movimento social pode organizar o seu próprio debate, seguindo o guia disponível no site oficial da COP30.


» confira também:

Carregando