BOLETIM DE RÁDIO COP30 BRASIL

Boletim Especial COP30 Brasil - Combate ao negacionismo climático e desinformação precisa de “soluções estruturais”, diz secretária

Pela primeira vez na história das COPs, a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima entra nos objetivos da Agenda de Ação. A secretária-adjunta da Secretaria de Políticas Digitais da Presidência da República, Nina Santos, explica por que o Brasil lidera essa iniciativa global e como o combate à desinformação climática exige mais do que a checagem de conteúdos individuais. Ouça a reportagem especial e saiba mais.

Nina Santos, secretária-adjunta da Secretaria de Políticas Digitais da Presidência da República, explica que educação midiática e checagem de informações são fundamentais para combater a desinformação climática - Foto: Rafael Neddermeyer/COP30
Nina Santos, secretária-adjunta da Secretaria de Políticas Digitais da Presidência da República, explica que educação midiática e checagem de informações são fundamentais para combater a desinformação climática - Foto: Rafael Neddermeyer/COP30

Reportagem: Mayara Souto / COP30

Repórter: Você sabia que a desinformação e a mudança do clima estão entre os maiores riscos globais dos próximos anos? Pois é. Foi o que mostrou o Global Risks Report 2024, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial. 

Na COP30, a relação entre esses dois temas está presente na Agenda de Ação e retoma uma iniciativa iniciada na presidência brasileira do G20, no ano passado.

Nina Santos: Sou Nina Santos, estou secretária-adjunta da Secretaria de Políticas Digitais da SECOM (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República. O governo brasileiro entende que pensar a integridade da informação é um tema essencial e pensar o cruzamento entre garantir a integridade da informação e a questão da mudança climática é absolutamente essencial. Foi por isso que lá no final da da presidência brasileira do G20, o Brasil lançou junto com ONU e UNESCO a Iniciativa Global pela Integridade da Informação e Mudança do Clima. Essa iniciativa tem como objetivo discutir e financiar formas de garantir que a gente tenha informação de qualidade sobre as questões ambientais, o que é certamente um dos pilares essenciais para a gente combater o negacionismo climático.

Repórter: De forma simplificada, a integridade da informação pretende garantir o acesso à informação de qualidade para todos. Ela é uma resposta  a um crescente movimento de desinformação no mundo, as chamadas fake news.

Nina Santos: A questão da desinformação e do negacionismo, das teorias da conspiração, elas vêm junto com um questionamento às instituições, um questionamento à democracia, um questionamento a todos os mediadores sociais que estão mais ou menos historicamente estabelecidos. Então a gente vê o ataque à ciência, ataque às universidades, ataque à imprensa. E como o tema da mudança climática tem ganhado cada vez mais atenção e cada vez mais gravidade, centralidade na nossa agenda, ele também acaba sendo cada vez mais alvo dessas narrativas.

Repórter: Falando especificamente de negacionismo climático, um exemplo que você já pode ter ouvido, ou lido, é a história de que o aquecimento global não existe ou que ele é natural. Esse tipo de fala mentirosa vai além de um caso isolado. 

Nina Santos: Às vezes, quando a gente fala de combate à desinformação e de combate ao negacionismo, as pessoas pensam muito nos conteúdos individuais. Este conteúdo aqui é problemático ou aquele.  Mas, esse é um problema que é muito mais estrutural do que individual. Por isso, a gente precisa também pensar em soluções estruturais para esse problema.

Repórter: O Brasil está na vanguarda da integridade da informação, que vai além do combate à desinformação e inclui também a regulação de plataformas digitais e a educação midiática da população.

Nina Santos: As pessoas precisam, cada vez mais, entender como é que a tecnologia funciona, como é que a informação se dissemina nesse ambiente, como a desinformação se dissemina e também como é que elas próprias podem fazer para checar uma informação, ver se é verdade, ver se aquele site realmente é um site oficial. Então, fala dessa ação estrutural que a gente precisa fazer para garantir que a gente tenha informação de qualidade circulando e, sobretudo, que as pessoas no seu dia a dia possam tomar decisões informadas. No final, é para isso que a informação serve.

Repórter: Na COP30, a Integridade da Informação faz parte da Agenda de Ação, que convoca diversos atores sociais para a ação climática em um verdadeiro "mutirão" pelo clima. Foram aprovadas 123 iniciativas de 27 países sobre esse tema para integrar o Celeiro de Soluções, que é um portal feito pela presidência da COP30 para reunir projetos que fortalecem a ação climática.

Nina Santos: E essas iniciativas são de governos, de organizações da sociedade civil, de movimentos sociais, de universidades. A gente está tentando reunir nesse Celeiro iniciativas de todos os tipos que possam servir um pouco como exemplo, como boas práticas de como é que a gente pode seguir adiante nesse debate de maneira complexa e entendendo também possibilidades de cooperação.

Repórter: E para consolidar esse debate, a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima terá dias temáticos na programação da COP30. Nos dias 12 e 13 de novembro de 2025, painéis e debates ocorrerão na Zona Azul e Zona Verde da Conferência. Eles vão reunir especialistas, governos e sociedade civil para consolidar estratégias de combate à desinformação em escala global.

Nina Santos: Certamente vai ser um momento onde tudo isso vai culminar. Definitivamente não vai terminar porque a gente segue adiante com esse trabalho depois da COP, mas acho que vai ser um marco importante para todas essas ações que estão sendo feitas.

Repórter: Esse foi o boletim especial COP30 sobre a importância da integridade da informação nas negociações climáticas. Novas edições trarão mais informações sobre o que se espera da COP30 e os temas que devem ser discutidos na Conferência em Belém.


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