Transcrição do Discurso do Presidente da COP30, Embaixador André Corrêa do Lago

Bom dia a todos e muito bem-vindos à nossa maravilhosa Belém.
Senhor Presidente da República, Sra. Janja Lula da Silva, enviada especial para mulheres da COP30.
Senhor Presidente do Senado, em nome de quem eu saúdo todos os parlamentares que estão fazendo a grande gentileza de estar aqui hoje.
Eu queria saudar o Ministro da Justiça e, em nome dele, os ministros aqui presentes.
E, naturalmente, o meu querido Babayev, que teve tantas palavras gentis com relação a mim, e meu querido amigo Simon, secretário-executivo da UNFCCC.
Eu não posso deixar de fazer alguns agradecimentos neste momento, começando pelo governador do Pará, Hélder Barbalho. É maravilhoso ver o seu orgulho de ser governador do Pará — e isso é profundamente contagiante.
Gostaria também de saudar os governadores presentes, bem como os prefeitos aqui conosco, em nome do prefeito de Belém, que está aqui conosco também.
A presença de governadores e prefeitos é importantíssima, porque os entes subnacionais têm um papel absolutamente essencial na implementação das decisões das COPs.
A presença de todos os parlamentares, junto com os governadores e os tribunais, demonstra que o Brasil está unido em torno da agenda que a COP30 vai tratar.
Acho muito importante que o mundo veja que há, no Brasil, essa união de todas as instâncias por uma agenda que — como nós sabemos — será excepcional para o crescimento, para a criação de emprego e para a melhora da vida das pessoas.
Quero também agradecer a todos que trabalharam incansavelmente para fazer a COP30 acontecer, desde o planejamento, há já dois anos e pouco, até todos aqueles que vão ficar aqui horas nestes locais de reunião até o último momento.
Registro que as obras de preparação e toda a coordenação da COP30 estiveram nas mãos da Casa Civil, e o ministro Rui Costa está aqui. Agradeço a ele e a toda a equipe pelo empenho extraordinário, do qual fui testemunha.
Quero cumprimentar também o campeão de alto nível do Brasil, Dan Ioschpe; a campeã da juventude, Marcela Oliveira; e mencionar os círculos da presidência da COP, entre os quais está aqui a ministra Sônia Guajajara, que preside um deles.
Saúdo ainda os enviados especiais brasileiros e estrangeiros que me acompanharam neste ano e os membros dos conselhos da presidência da COP.
Finalmente, queridos amigos e amigas, delegados que estão aqui presentes:
Eu não posso deixar de começar falando da ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva — chefe da delegação do Brasil, inspiração para tantas pessoas neste mundo — e a senhora pode ter certeza: é uma imensa inspiração para a presidência brasileira da COP.
É uma imensa honra assumir a presidência da COP30.
Tenho 43 anos de carreira diplomática, presidente, e acredito que consigo entender a responsabilidade que tenho pela frente — grande, não só nestes 12 dias de conferência, mas também pelos 12 meses de mandato que eu tenho pela frente como presidente da COP.
Em 1992, eu era um jovem diplomata trabalhando na organização da Rio 92 — a Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento — onde nasceu a Convenção do Clima, no Rio de Janeiro.
Fiquei fascinado, naquela época, com o tema, com as implicações que tinha sobre o Brasil e com as possibilidades que abria para a diplomacia brasileira.
Fiquei também impressionado com o talento dos meus colegas negociadores, e o exemplo deles, décadas depois, continua me acompanhando.
Sou o herdeiro — muito consciente das minhas limitações — dessa tradição de servir o Brasil.
Não sei expressar o orgulho que tenho de servir ao meu país.
Gostaria de homenagear, neste momento, todos esses colegas que, antes de mim, me ensinaram a fazer as coisas que vou tentar fazer aqui nesta COP, sob esta presidência.
Estamos reunidos aqui para tentar mudar as coisas.
Acredito profundamente que o ser humano é essencialmente bom, mas sabemos que também é capaz de coisas terríveis, como a guerra, que, infelizmente, voltou a estar próxima de tantas pessoas.
Mas o ser humano fez e continua a fazer coisas extraordinárias, e pensar que podemos melhorar as vidas das pessoas é o que nos inspira.
Apesar dos retrocessos recentes, as condições de vida das populações em todo o mundo podem — e devem — continuar a melhorar.
A ciência, a educação e a cultura são o caminho que temos que seguir.
E, para o combate à mudança do clima, o multilateralismo é definitivamente o caminho.
Por mais que eu seja suspeito em falar bem da diplomacia multilateral, eu o farei.
Lembremos que o Protocolo de Montreal, em duas décadas e meia, conseguiu eliminar 95% dos gases que provocavam o buraco na camada de ozônio — que agora está se reconstituindo.
Lembremos também que o Acordo de Paris, há 10 anos, surgiu num momento em que se previa ultrapassar 4 °C de aumento de temperatura.
Hoje sabemos que reduzimos bastante — mas também sabemos que precisamos trabalhar muito mais para reduzir ainda mais.
Este é, portanto, um momento de várias celebrações, mas devemos receber com humildade e realismo, porque ainda faltam muitas coisas.
Estamos quase lá, mas temos muito a fazer.
O que mudou imensamente minha percepção sobre este processo foi a questão da urgência.
Sou formado numa tradição de defesa dos interesses de um país — como todos aqui —, mas a questão da urgência é o elemento adicional, agora tão presente, e que nos é lembrado com grande tristeza, como, por exemplo, nesta semana, no Brasil, no Paraná, ou nas Filipinas, ou, poucas semanas atrás, na Jamaica.
Temos uma responsabilidade imensa.
Presidente Lula, devo inteiramente ao senhor estar neste lugar agora.
Ainda não sei muito bem por que fui escolhido — mas talvez porque eu pudesse reunir uma equipe incrível.
E com essa equipe nós vamos fazer, presidente, o que o senhor espera que façamos, sempre contando com sua ajuda — mas acredito que o senhor pode contar conosco.
Durante o período de mobilização, no ano de preparação da COP, conseguimos que uma palavra de origem indígena brasileira — mutirão — se tornasse conhecida em todos os dicionários.
E é através do mutirão, mesmo, que poderemos implementar as decisões desta COP e das anteriores.
Queremos — e já dissemos tantas vezes, mas é preciso repetir — que esta seja uma COP que apresente soluções.
A agenda de ação que estruturamos para esta COP — da qual participarão tantos ministros de Estado brasileiros e outras autoridades — ocorrerá em múltiplos eventos de dimensão absolutamente essencial para os próximos passos.
A agenda de ação vai mostrar muitos caminhos.
Esta, portanto, é uma COP de implementação.
Espero que também seja lembrada como uma COP de adaptação, uma COP que vai avançar na integração do clima com a economia, com as atividades, com a criação de emprego.
E, mais do que tudo, uma COP que vai ouvir — e acreditar — na ciência.
Nesse sentido, presidente, obrigado por ter encontrado a fórmula ideal para definir esta COP: a COP da Verdade.
Muito obrigado a todos.
Distintos delegados, eu agora declaro aberta a trigésima sessão da Conferência das Partes, servindo como presidente dela.
