“Vozes dos Biomas” leva demandas e sabedorias da sociedade civil à COP30
A iniciativa, encabeçada por três Enviadas Especiais da conferência, concretizou um trabalho de escuta às populações dos biomas brasileiros para transformar as informações em cartas destinadas aos negociadores na conferência

Janja Lula da Silva, Jurema Werneck e Denise Dora, Enviadas Especiais da COP30 nos temas Mulheres, Igualdade Racial e Periferias e Direitos Humanos e Transição Justa, uniram esforços em uma jornada de mobilização junto a representantes da sociedade civil para colher as principais demandas dos biomas brasileiros e encaminhá-las aos negociadores na COP30. Em um mutirão feminino pelo clima, denominado “Vozes dos Biomas”, as Enviadas promoveram plenárias em várias partes do país.
Nesse percurso, foram ouvidas diretamente cerca de 650 pessoas, em sua maioria mulheres, representando organizações que totalizam milhares de representantes. As Enviadas levarão à Zona Azul da COP30, espaço oficial das negociações, as vozes, as demandas e as propostas colhidas nas oficinas realizadas junto à sociedade civil em cada bioma do Brasil.
As cartas produzidas a partir desse processo, além de reunirem insumos dos territórios, dialogam diretamente com as Cartas da Presidência, produzidas pelo presidente designado, embaixador André Corrêa do Lago. Ao estabelecer essa conexão, as Enviadas reforçam que as contribuições da sociedade civil brasileira devem ser consideradas no mesmo nível de relevância das orientações oficiais, ampliando o alcance político e simbólico das vozes que ecoam dos biomas.
Escuta como método
Os encontros tiveram como premissa a escuta qualificada enquanto ferramenta política de construção coletiva. Cada oficina se iniciou com um painel de lideranças locais, que estabelecem o tom das discussões a partir da realidade do território, conferindo legitimidade e urgência ao debate. Na sequência, após uma breve apresentação das Enviadas e de suas funções, o grupo é dividido em três.
Ao longo de três rodadas, cada Enviada circula entre os grupos, propondo perguntas específicas relacionadas ao seu campo de atuação. Esse formato possibilita que as organizações compartilhem múltiplas perspectivas, enfrentem desafios e apontem soluções, construindo, de forma conjunta, uma narrativa sobre cada bioma. A partir desse processo, surgem insumos essenciais para a elaboração das cartas, que condensam a pluralidade e a potência dos territórios em diálogo com a agenda climática global.
Resultado
Ao percorrer e ouvir representantes da sociedade civil dos diferentes Brasis, as Enviadas reforçam que a agenda climática vai muito além da mesa de negociação da COP. Trata-se de uma agenda plural, interdependente e que precisa valorizar os saberes locais, a diversidade cultural e os modos de vida que sustentam cada território.

Ao longo dos meses de agosto e setembro, o Vozes dos Biomas esteve no bioma amazônico, em Manaus (AM); na Mata Atlântica, no Rio de Janeiro (RJ); e no Pampa, em Porto Alegre (RS). Em outubro, a oficina da Caatinga foi realizada em Caruaru (PE), no âmbito da Caatinga Climate Week. No dia 8 de outubro, ocorreu a oficina do bioma Pantanal, na Universidade Federal de Mato Grosso, em Campo Grande (MS). Encerrando o ciclo, a última oficina aconteceu em Brasília (DF), contemplando o bioma Cerrado.
