Síntese Diária da COP30 – 12 de Novembro

Dia 3: quarta-feira, 12 de novembro

Preparado pela Equipe de Comunicação da COP30

Áreas Temáticas em Foco: Saúde, Empregos, Educação, Cultura, Justiça e direitos humanos, Integridade da informação e Trabalhadores

Resumo:

Capacitar e Preparar Pessoas para Acelerar o Progresso

O terceiro dia da COP30 foi marcado por ação e otimismo — uma reafirmação de que as pessoas, as habilidades e o patrimônio cultural estão no centro da transição climática. Com foco em preparar as sociedades para a mudança, o lançamento da Iniciativa Global sobre Empregos e Habilidades para a Nova Economia estabeleceu um tom poderoso. Unindo governos, indústrias e a sociedade civil, a iniciativa destacou como a ação climática pode ser uma fonte de prosperidade compartilhada — com potencial para criar mais de 650 milhões de empregos na próxima década. Do Brasil ao Quênia, os compromissos iniciais sinalizam que desenvolver a capacidade humana é agora central para construir uma economia resiliente e de baixo carbono.

O empoderamento também se materializou por meio da inclusão. O evento Adaptação Indígena elevou o conhecimento ancestral e a governança local como ferramentas essenciais para a resiliência nacional e global, com novos compromissos de financiamento direto a projetos liderados por povos indígenas. Enquanto isso, a estreia do tema Integridade da Informação na agenda da COP reconheceu o papel vital da confiança na comunicação climática. Com seis novos Estados-membros aderindo à Iniciativa Global pela Integridade da Informação sobre Mudança do Clima, o dia destacou como o combate à desinformação é fundamental para empoderar as pessoas com a verdade — e proteger a integridade da ação coletiva.

O espírito de colaboração se estendeu aos setores público e privado. O Plano UNIDO/IDDI sobre Compras Públicas Sustentáveis e o Fórum de Proprietários de Ativos enfatizaram as mudanças sistêmicas necessárias para alinhar finanças, indústria e políticas. Essas iniciativas conectaram os princípios da transição justa com mecanismos tangíveis — utilizando trilhões de dólares em compras públicas e capital de investidores para favorecer materiais de baixo carbono, trabalho justo e crescimento inclusivo. Como lembrou o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, os países que abraçarem essa transformação “se encaixarão na nova economia de forma mais confortável.”

Por fim, o dia celebrou o papel da cultura, da criatividade e do diálogo intergeracional na sustentação do ímpeto. Por meio do evento Narrativas e Contação de Histórias para Enfrentar a Crise Climática, artistas, líderes indígenas e ministros da cultura ilustraram como identidade, patrimônio e imaginação impulsionam a conscientização e a resiliência climática. O diálogo dos Campeões Jovens do Clima reforçou que o progresso deve ser intergeracional — baseado em justiça, participação e propósito compartilhado. Juntas, essas conversas moldaram uma mensagem poderosa: empoderar pessoas em toda a sua diversidade não é apenas o meio, mas a medida do verdadeiro progresso climático.

Ações e Resultados Notáveis:

  • Agenda de Ação:

    - Lançamento da Iniciativa Global sobre Empregos e Habilidades para a Nova Economia
    ▪ O dia começou com o lançamento da Iniciativa Global sobre Empregos e Habilidades para a Nova Economia, que visa conectar governos, indústrias e sociedade civil para integrar empregos e habilidades às estratégias econômicas e climáticas.
    ▪ O grupo apresentou hoje seu Relatório principal, delineando análises para tomadores de decisão em governos, empresas e sociedade civil que moldam as transições dos países para uma economia resiliente e de baixo carbono. O relatório mostra que a transição climática pode criar cerca de 375 milhões de novos empregos na próxima década, e que atividades de adaptação podem gerar aproximadamente 280 milhões de empregos em todo o mundo.
    ▪ A Iniciativa Global tem trabalhado em estreita colaboração com o Grupo de Trabalho SBCOP sobre Empregos e Habilidades para mobilizar parcerias industriais. Oito países já se comprometeram a trabalhar com a Iniciativa no Plano de Ação: Brasil, Camboja, Indonésia, Quênia, Paquistão, Filipinas, África do Sul e Egito. A operacionalização da iniciativa, por meio do Plano para Acelerar Soluções, visa reunir mais de 20 países e 40 instituições até 2028.

    - Evento de Alto Nível/Ministerial: Adaptação Indígena
    ▪ Líderes indígenas de diversas regiões trocaram experiências e boas práticas sobre metodologias de planejamento de adaptação, demonstrando como o conhecimento ancestral e a governança local podem moldar políticas nacionais e globais, inclusive sendo refletidos na estrutura de indicadores do Objetivo Global de Adaptação (GGA).
    ▪ A mesa-redonda posicionou os atores indígenas como cruciais para elevar a adaptação, reforçando a importância de integrar vozes e conhecimentos indígenas nas negociações e tomadas de decisão climáticas.
    ▪ O Conselho Indígena de Roraima (CIR) apresentou os cinco planos indígenas de adaptação que já foi desenvolvida, explorando como esta experiência inovadora brasileira pode ser replicada por povos indígenas em todo o mundo.

    - Integridade da Informação aparece pela primeira vez — e frequentemente — na Agenda de Ação da COP
    ▪ O Relatório de Riscos da ONU 2024 identificou a desinformação como uma das principais vulnerabilidades globais — neste contexto, a COP30 é a primeira a destacar a integridade da informação como objetivo central. Hoje, novos Estados-membros anunciaram adesão à Iniciativa Global pela Integridade da Informação sobre Mudança do Clima: Bélgica, Canadá, Finlândia, Alemanha, Espanha e Países Baixos.
    ▪ O dia também marcou o anúncio dos 10 primeiros projetos a serem financiados pela Iniciativa Global em todo o mundo, o lançamento da Declaração sobre Integridade da Informação sobre Mudança do Clima — aberta à adesão de membros e não membros — e de uma Mesa Redonda de Diálogo que continuará até a COP31, reunindo partes interessadas e empresas digitais sobre o tema.
    ▪ Para acelerar a implementação, a iniciativa está lançando um plano até 2028 com os seguintes objetivos: (i) apoiar mais de dez países in developing new marcos legais, (ii) mobilizar USD 10 milhões por meio do Fundo Global da UNESCO para Integridade da Informação sobre Mudança do Clima, priorizando o Sul Global; (iv) estabelecer uma Carta de Princípios para Publicidade Climática Responsável, a ser adotada por quinze ou mais editoras, plataformas digitais e empresas de IA até 2028.

    - Aproveitar as Compras Públicas para Impulsionar a Ação Climática e uma Transição Justa
    ▪ A UNIDO/IDDI lançou o Plano para Acelerar Soluções sobre “Aproveitar as Compras Públicas em Setores de Alto Impacto para Impulsionar a Ação Climática e uma Transição Justa”, juntamente com a Declaração de Belém sobre Compras Públicas Sustentáveis, comprometendo-se a usar o mercado global de compras públicas — de múltiplos trilhões de dólares — como um motor de ação climática com foco em uma transição justa.
    ▪ O plano se baseia no Programa de Compras Públicas Sustentáveis (SPP) do UNEP/10YFP, que inclui órgãos de 19 governos e na Iniciativa de Descarbonização Industrial Profunda (IDDI) da UNIDO.
    ▪ Além do Brasil, três países confirmaram participação — México, Noruega e Países Baixos — enquanto outros estão em negociações ativas.
    ▪ TA iniciativa difere de um compromisso dos países, pois se trata de uma coordenação entre países que já possuem políticas específicas para compras públicas em diferentes setores, para promover o potencial das compras públicas sustentáveis in priorizando cimento, concreto e aço de baixa emissão, trabalho justo e ações inclusivas.

    - Evento de Alto Nível: Fórum de Proprietários de Ativos
    ▪ Este evento reuniu proprietários de ativos, investidores, líderes do setor financeiro e corporativo para alinhar soluções prioritárias, geografias e políticas eficazes que acelerem a alocação de capital nesses mercados e fortaleçam a justificativa e a narrativa fiduciária para o financiamento da transição.
    ▪ O evento chegou a um acordo sobre um conjunto de resultados/pontos de consenso importantes para apresentar uma “leitura” aos ministros das Finanças no Dia das Finanças (sexta-feira, 14 de novembro) e informar o plano de 5 anos da Agenda Global de Ação Climática.
    ▪ Além disso, foi apresentado o quarto relatório do Grupo de Especialistas de Alto Nível em Financiamento Climático (IHLEG)) sobre a entrega de uma agenda integrada de financiamento climático. Leia o relatório completo aqui.

    - Narrativas e contos para enfrentar a crise climática.
    ▪ O evento lançou o the Plano para Acelerar a Integração do Patrimônio Cultural nos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs), liderado pelo Grupo de Amigos da Ação Climática Baseada na Cultura, visando: (i) aumentar o número de países que incluem explicitamente o patrimônio cultural em seus NAPs; (ii) estabelecer orientações e ferramentas operacionais para o planejamento de adaptação inclusivo do patrimônio; e (iii) apoiar o planejamento em países-piloto.
    ▪ Para ilustrar como a expressão criativa, a sabedoria ancestral, a cultura e a narrativa podem transformar conscientização em ação rumo à meta de 1,5°C, o painel de “Narrativas e Contação de Histórias para Enfrentar a Crise Climática” reuniu a Ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, Janja Lula da Silva (primeira-dama e socióloga), Claudia Roth (ex-ministra da Cultura da Alemanha), Davi Kopenawa (líder indígena), Klebber Toledo (ator e ativista ambiental), Kumi Naidoo (ativista sul-africano e ex-secretário-geral da Anistia Internacional) e Juliano Salgado (cineasta e codiretor de O Sal da Terra).

    “A arte e a cultura são pontes poderosas — conectam corações, despertam consciência e movem as pessoas para a ação. Por meio da arte, podemos transformar emoção em força e imaginação em mudança. É por isso que a cultura deve estar no centro da luta pelo nosso planeta. Precisaremos de todos. Este é o grande movimento coletivo da humanidade — uma união de arte, ciência e espírito para salvar nosso planeta e nossas próprias vidas. Porque a Terra não nos pertence; ela pertence a cada geração que veio antes e a cada vida que continua por vir.” — Margareth Menezes, Ministra da Cultura, Brasil
  • Mobilização Global:
    - Campeões Jovens promovem Diálogo de Alto Nível sobre Liderança Intergeracional
    ▪ Este diálogo de alto nível reuniu jovens líderes, autoridades governamentais e representantes de povos indígenas e movimentos sociais para garantir que as perspectivas intergeracionais moldem a agenda da COP30. Ao conectar vozes emergentes e consolidadas, o evento reforça a colaboração, a inclusão e a responsabilidade na promoção de soluções climáticas.

    “Além do racismo ambiental, além da injustiça, continuamos lutando — e precisamos dos jovens nessa luta.”—  Marcele Oliveira, Campeã Jovem do Clima da Presidência da COP30

    - Maloca traz vozes de justiça, cultura e resiliência para a COP30:
    ▪ A Maloca traz vozes de justiça, cultura e resiliência para a COP30. Hoje, o Círculo dos Povos deu continuidade às suas sessões ao vivo na Maloca, com diálogos sobre justiça racial, saberes tradicionais e soluções climáticas lideradas por comunidades. Os destaques incluíram o Ritual de Abertura da COP Indígena, conduzido pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que destacou o papel dos povos e territórios indígenas na conquista das metas de desmatamento zero e equilíbrio climático do Brasil. O evento, realizado na Zona Verde, contou com legendas em inglês para garantir a inclusão de participantes internacionais. Outras sessões na Maloca incluíram um debate entre ICAT e UNFCCC sobre transparência nas NDCs, que reuniu representantes do Sul Global para fortalecer a cooperação e a transparência de dados nos relatórios climáticos.
  • Negociações:
    “Estamos vendo um ambiente muito positivo entre as partes; também tivemos ótimas interações com os observadores e discussões interessantes. Acho que há um forte indicativo de que todos aqui querem mostrar ao mundo que o multilateralismo funciona — e que estamos todos juntos para provar isso.”
    - Embaixador André Corrêa do Lago, Presidente da COP30

O que esperar do Dia 4:

Temas: Saúde, Empregos, Educação, Cultura, Justiça e Direitos Humanos, Integração da Informação, Trabalhadores

  • 9h00 - 19h00 Dia da Justiça, Clima e Direitos Humanos
  • 9h00 - 12h00  Evento de Alto Nível/Ministerial “Reunião Ministerial de Saúde e Clima: O Plano de Ação de Belém para a Adaptação do Setor de Saúde às Mudanças Climáticas”
  • 12h30 - 13h30 Contabilidade de Carbono
  • 15h00 - 16h00 Arquitetura Tropical: Do Patrimônio à Ação
  • 15h00 - 18h00 Evento da Presidência ACE - Empoderando uma Sociedade Informada e Engajada para uma Ação Climática Eficaz
  • 15h30 - 18h30   Redonda Ministerial de Alto Nível da COP30 sobre Educação Verde
  • 17h30 - 18h30    Integridade da Informação e Ação Climática no Brasil: Sinergias entre Governo e Sociedade Civil
  • 18h00 - 19h00   Diálogo Climático de Belém com Povos Indígenas

Para mais informações:

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