Oceanos devem estar no centro do debate climático, defende CEO da COP30
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o tema, Ana Toni destacou a necessidade de financiamento para soluções baseadas em oceano e de compromissos robustos para preservá-lo

Por Presidência da COP30
A CEO da COP30, Ana Toni, defendeu a importância do oceano no combate à mudança do clima durante a Conferência da ONU sobre Oceano (UNOC), nesta terça-feira, 10/6. A diretora-executiva participou de painéis sobre financiamento para soluções baseadas no oceano e em zonas costeiras, adaptação à mudança do e mitigação das emissões de gases-estufa que afetam os mares.
"Quanto estamos gastando para tentar chegar à Lua ou a Marte em vez de investirmos tempo e dinheiro para conhecer o oceano e a biodiversidade que ajuda a sustentar toda a vida?", indagou Toni. Ela lembrou que os manguezais são capazes de armazenar mais carbono que florestas terrestres e lembrou a meta de países para proteger ao menos 30% de suas áreas costeiras e marinhas, assumida no Marco Global de Kunming-Montreal para a Biodiversidade Biológica, de 2022.
A CEO da COP30 destacou ainda que o oceano é o principal regulador climático do planeta e, portanto, tem papel essencial para a proteção contra eventos extremos em áreas litorâneas e para milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras ou sobrevivem dos oceanos. Enfatizou também o papel central da ciência. "Na COP30, precisamos garantir que, quando discutirmos oceanos, falemos não só das soluções, mas também de quanto precisamos investir na ciência oceânica para nos ajudar também a entender o que acontece com o clima", disse Toni.
NDC brasileira e os oceanos
Para a CEO, o Brasil, país-sede da COP deste ano, tem liderado pelo exemplo com relação à proteção dos oceanos.Incorporou o tema em seu Plano Clima e na nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) do país, que inclui soluções baseadas no oceano.
O Plano Clima é o mapa que guiará a política climática brasileira até 2035. As NDCs são metas climáticas que todos os países signatários do Acordo de Paris precisam apresentar à ONU a cada cinco anos. O Brasil já apresentou a sua NDC junto com outros 21 países.
A voz da COP30 sobre os oceanos encontra aliados por todo o mundo. Em encontro com a Presidência da COP30, o ex-secretário de Estado e ex-enviado para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou que a mudança do clima é resultado de ações que os seres humanos continuamos a tomar apesar de tudo o que diz a ciência e a urgência das ações climáticas. "Nossa responsabilidade é reconhecer que não podemos falar da preservação do oceano sem discutir o que acontece com o clima", disse Kerry também na Conferência da ONU em Nice.
Já o pescador Carlos Santos, representante da Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiros Marinhos, chamou atenção para o papel de povos e comunidades tradicionais na preservação do oceano e em seu uso sustentável. "O que nos norteia neste planeta é uma relação indissociável com o ambiente onde vivemos", disse ele. "É necessário aprendermos mais com os povos e comunidades tradicionais [sobre os oceanos]".
Além das sessões da UNOC, a CEO da COP30 reuniu-se também com a ministra de Mudança do Clima dos Emirados Árabes Unidos, Amna bint Abdullah Al Dahak; com a ministra de Meio Ambiente do Chile, Maisa Rojas; e com a diretora-executiva do Pacto Global da ONU, Sanda Ojiambo.