CIDADES

Cidades moldam o futuro da ação climática global

Dez anos após o acordo de Paris, a liderança climática urbana impulsiona o progresso local

Por C40 Cities

Na última década, cidades, regiões e estados emergiram como o principal motor das soluções climáticas. Desde o Acordo de Paris, líderes locais converteram promessas em progresso — reduzindo emissões, investindo em transporte limpo, expandindo florestas urbanas, criando empregos verdes e direcionando soluções às comunidades que mais precisam. Em todo o mundo, das ruas de Bogotá à maior Zona de Ultrabaixas Emissões (Ultra Low Emission Zone/ULEZ) de Londres, as cidades demonstram que um futuro justo, resiliente e sustentável não é apenas uma visão, mas uma realidade em construção.

Em Quezon, nas Filipinas, por exemplo, estima-se que os veículos elétricos eliminarão 1,5 tonelada de CO2 e praticamente toda a emissão de PM2.5 e NOx —dois dos poluentes atmosféricos mais nocivos — até o fim de 2025. Desde a ampliação da ULEZ de Londres, a população londrina tem respirado um ar significativamente mais limpo, especialmente as comunidades mais vulneráveis. Na Cidade do Cabo, na África do Sul, uma usina solar fornecerá energia para até 28 mil residências — cortando 114.000 toneladas de CO2 por ano. Em Bogotá, na Colômbia, o sistema de transporte BRT gerou mais de dois mil empregos e ampliou o acesso da população a oportunidades urbanas. Paris, na França, construiu mais de 300 km de ciclovias, reduzindo em 40% a poluição do ar na última década. Em Los Angeles, um programa de energia solar instalou mais de 21.000 sistemas gratuitos de painéis solares em habitações de baixa renda, evitando a emissão de mais de 2 milhões de toneladas de CO2.

Prefeitos e prefeitas têm demonstrado uma verdadeira liderança, baseada na ciência, sustentada por ações efetivas e focada em resultados. As cidades provaram que, quando empoderadas e apoiadas financeiramente, não apenas contribuem para os objetivos climáticos globais, como também os aceleram. A mensagem para a COP30 é clara: só será possível alcançar as metas climáticas colocando as cidades no centro das estratégias nacionais e globais. A última década mostrou o que é possível. A próxima precisa ampliar essas ações. Das bases ao topo, de Paris a Belém.

Um Mutirão global pela ação climática

A Presidência brasileira da COP30 adotou o Mutirão como símbolo da conferência climática deste ano. Essa palavra de origem tupi-guarani significa "esforço coletivo em prol de um objetivo comum". Mais do que um chamado para reduzir emissões ou cumprir metas, o Mutirão Global representa uma mobilização mundial em que nações, regiões, cidades e comunidades trabalham juntas para proteger o que mais importa: as pessoas e o planeta. Essa proposta de "corrente de ação" conecta iniciativas de bairro aos planos municipais, e estes, por sua vez, às estratégias nacionais e aos objetivos globais compartilhados. Impulsionado por essa abordagem de baixo para cima, o movimento busca transformar a ação climática em algo perceptível no cotidiano — não apenas discutido uma vez por ano.

De Paris a Belém: uma década de liderança climática local

Dez anos após o Acordo de Paris, as cidades mostram que não são apenas parte da solução climática — elas a estão liderando. O relatório "De Paris a Belém – uma década de liderança climática local", lançado no mês passado pelo Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia (GCoM) e pela C40 Cities, mostra como a ação local está transformando a ambição climática em mudanças reais. O relatório apresenta estudos de caso inspiradores de cidades ao redor do mundo que implementaram soluções inovadoras e transformaram compromissos climáticos ousados em ações concretas.

Acesse o relatório completo e descubra como as cidades estão moldando a próxima década de liderança climática.

Versão em português: Trad. Bárbara Menezes.
Revisão: Enrique Villamil.