América Latina e Caribe discutem cooperação regional contra mudança do clima
Representantes de mais de 20 países participam de reunião preparatória para a COP30 na Cidade do México

Por Presidência da COP30
Ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe reúnem-se nesta segunda e terça-feira (25 e 26/8) na Cidade do México para acelerar a implementação da ação climática regional. Além de debates ministeriais sobre temas-chave para a COP30, os representantes dos 22 países foram recebidos pela presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, para sessão no Palácio Nacional.
“O desenvolvimento sustentável não pode ser visto apenas pela perspectiva ambiental”, disse a presidente. “Há necessariamente três pilares — diminuição da pobreza e das desigualdades econômicas, sociais e ambientais — e, eu diria, um quarto, que hoje adquire muita importância: a soberania e a autodeterminação dos povos.”
Organizada pelo Governo do México e pela Presidência da COP30, a reunião na capital mexicana busca fortalecer a cooperação multilateral e a liderança da América Latina e do Caribe no processo para a COP30. Os esforços, afirmaram os anfitriões, devem abordar as desigualdades estruturais e históricas na região, acelerando uma transformação nos processos de tomada de decisão que tenha os povos latino-americanos e caribenhos como protagonistas.
Em seu discurso no Palácio Nacional, o presidente designado da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que o combate à mudança do clima é uma prioridade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
“Prioridade porque tem um impacto enorme sobre as pessoas”, disse Corrêa do Lago. “A mudança do clima tem infelizmente a capacidade de destruir muitos dos ganhos sociais que tivemos nos últimos anos em nossos países. Portanto, precisamos dedicar uma atenção absolutamente redobrada ao nosso esforço para combatê-la, mas de forma justa e multilateral.”
O embaixador declarou ainda que a COP30 deve servir de símbolo da força do multilateralismo, ressaltando o chamado brasileiro por um Mutirão Global contra a Mudança do Clima:
“‘Mutirão’ é uma palavra que significa ‘o esforço de todos em uma mesma direção’, mas na qual cada um faz o que pode, cada um faz o que sabe fazer, e não necessariamente em coordenação”, disse o diplomata.

Além da sessão com a presidente mexicana, os representantes de 22 países participaram de debates na segunda-feira sobre temas como a Agenda de Ação da COP30, prioridades comuns para a conferência, adaptação e resiliência e as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês). Um dos objetivos da reunião é fortalecer o posicionamento e a contribuição regional ao regime climático internacional.
“Frente às múltiplas crises que enfrentamos, é mais importante que nunca dialogar sobre nossos desafios comuns”, disse a ministra de Meio Ambiente do México, Alicia Bárcena, durante a sessão de abertura. “Estou convencida de que o multilateralismo continua sendo a nossa melhor estratégia para cumprir metas, gerar sinergias, construir acordos e, de forma coletiva, oferecer soluções.”
Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, a América Latina e o Caribe respondem por cerca de 11,3% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa. Cerca de 75% dos países da região, contudo, já enfrentam eventos climáticos extremos com maior frequência.
Estima-se que, para as nações latino-americanas e caribenhas cumprirem seus compromissos climáticos, serão necessários investimentos equivalentes a 3,7% a 4,9% do PIB regional até 2030. Para isso, o fluxo anual de recursos deve ser de US$ 215 bilhões a US$ 284 bilhões.
A previsão é que uma declaração ministerial seja divulgada nesta terça-feira, quando também serão realizadas sessões sobre financiamento climático e energia, entre outros temas. O documento deve ser publicizado ao fim das sessões.
