MUTIRÃO

Comunidade se une em Mutirão do Reflorestamento na Serra do Vulcão

Este é um dos trechos mais preciosos da Mata Atlântica, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. A ação envolveu a presidência da COP30, jovens ativistas, agricultores, cientistas, brigadistas voluntários e demais representantes da sociedade civil

Foram plantadas dezenas de mudas nativas de Mata Atlântica, entre elas aroeira, paineira, ipê-amarelo, pau-ferro, cajá-mirim, urucum e mulungu. Foto: Rafael Medelima/COP30
Foram plantadas dezenas de mudas nativas de Mata Atlântica, entre elas aroeira, paineira, ipê-amarelo, pau-ferro, cajá-mirim, urucum e mulungu. Foto: Rafael Medelima/COP30

Por Maiva D’Auria | COP30

O termo Mutirão Global pelo Clima foi criado pela presidência da COP30 e, embora não tenha tradução para outros idiomas, sua essência é simples: reunir esforços coletivos para fortalecer o multilateralismo e reconhecer as comunidades locais como atores-chaves na busca de soluções para os desafios climáticos.

E foi nesse mesmo espírito que a presidência brasileira da COP, a Campeã da Juventude da COP30, Marcele Oliveira, jovens ativistas, agricultores, cientistas, brigadistas voluntários e diversas organizações ambientais, se uniram neste fim de semana no Mutirão do Reflorestamento, realizado pelo Instituto EAE (Educação Ambiental e Ecoturismo) e pela startup green tech Visão Coop. O encontro aconteceu na Serra do Vulcão, um dos trechos mais preciosos da Mata Atlântica, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.

Foram plantadas dezenas de mudas nativas da Mata Atlântica, entre elas aroeira, paineira, ipê-amarelo, pau-ferro, cajá-mirim, urucum e mulungu.

Na foto, Túlio Andrade, diretor de Estratégia e Alinhamento da COP30; Marcele Oliveira, Campeã da Juventude; e Alice Amorim, diretora de Programa da COP30. Foto: Rafael Medelima/COP30
Na foto, Túlio Andrade, diretor de Estratégia e Alinhamento da COP30; Marcele Oliveira, Campeã da Juventude; e Alice Amorim, diretora de Programa da COP30. Foto: Rafael Medelima/COP30

Ao participar da ação, a Jovem Campeã Marcele, comunicadora e ativista climática, destacou que o conceito de mutirão vai muito além de plantar árvores.

“Quando a gente fala em Mutirão Global pelo Clima, estamos falando de reconhecer as práticas territoriais que protegem a natureza e promovem regeneração, seja do solo ou do plantio, mas também de educação climática na prática e no dia a dia. É muito diferente das negociações internacionais, que às vezes estão distantes da realidade das pessoas. A palavra mutirão é totalmente conectada com pessoas”, afirmou.

Segundo Marcele, o chamado por um Mutirão Global é justamente esse: envolver mais atores na construção de soluções climáticas, não apenas no âmbito internacional, mas também no nacional, no municipal, em escolas, em serras, em qualquer lugar onde seja possível agir.

Ela reforçou ainda a importância de dar visibilidade a iniciativas locais: “Projetos como esse existem em vários lugares do mundo, e muitas vezes as autoridades não veem, não financiam, não apoiam. Então, a gente chega aqui neste lugar e vê toda a estrutura e a organização que ele propõe... imagina se mais olhares se voltassem para cá”, indagou. “Eu já vi o meu país sair do mapa da fome duas vezes e agora eu quero ver ele sair do mapa do risco climático”, finalizou.

Os participantes seguiram para o espaço do plantio  em carros-gaiola Foto: Rafael Medelima/COP30
Os participantes seguiram para o espaço do plantio em carros-gaiola Foto: Rafael Medelima/COP30

A trilha até o local do plantio começou em carros-gaiola, que levaram os participantes até a Cabana do Vulcão. Lá, o Instituto EAE apresentou o movimento #ElesQueimamNósPlantamos, que desde 2018 já promoveu dezenas de mutirões para a criação da chamada Floresta do Pertencimento, com mais de 7 mil mudas plantadas até agora. A iniciativa também busca enfrentar o racismo ambiental, oferecendo treinamento a brigadistas e organizando ações voluntárias de combate aos incêndios florestais.

Durante o percurso, os presentes puderam caminhar pelas áreas queimadas e compreender de perto os impactos da destruição. Uma programação que combinou ação direta, ciência cidadã e atividade cultural.

Para Denner Noia, mobilizador de projetos da Visão Coop e morador do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, iniciativas como essa fazem ainda mais sentido quando partem do olhar do próprio território.

“A gente pode oferecer um modelo que considera o território e os moradores locais como a fonte primária das informações e dos desejos de intervenção. Quando pensamos em política pública, normalmente a lógica vem de cima para baixo, e isso não tem dado muito resultado. Então, a gente pretende enfrentar um caminho novo: o  de inverter essa lógica. Do território levar a demanda para o poder público para a gente trazer políticas públicas que façam sentido”, explicou.

Denner também deixou um recado direto aos líderes globais da COP:

“Vamos olhar com carinho para os territórios, porque tem muito trabalho incrível acontecendo. Se fortalecermos as iniciativas que já estão em curso, teremos muito mais chances de sucesso do que com inovações mirabolantes que ignoram as particularidades de cada território e de cada povo.”

A Serra do Vulcão é um dos trechos mais preciosos da Mata Atlântica e fica na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro Foto: Rafael Medelima/COP30
A Serra do Vulcão é um dos trechos mais preciosos da Mata Atlântica e fica na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro Foto: Rafael Medelima/COP30

A juventude também marcou presença no mutirão. Para Luan Cazati, 21 anos, estudante de Relações Internacionais, integrante da ONG Conjuclima e ativista climático desde os 16 anos, pensar coletivamente é a essência do mutirão.

“Quando a gente se reúne numa serra, como a Serra do Vulcão, para plantar árvores, estamos plantando esperança. Fazemos parte de uma geração que tenta adiar o fim do mundo com pequenos esforços no território”, disse.

Ele reforça ainda a urgência de dar voz às novas gerações:

“Já chega! A gente não é mais o futuro. A gente agora é o presente e estamos tentando pausar uma crise climática que não foi a que começou. O mutirão Cop30 é uma iniciativa que consegue juntar jovens, pessoas mais velhas, lideranças comunitárias e líderes de países e entender um consenso comum: todo mundo precisa se unir para tentar travar a crise climática.”