Ana Toni: Brasil será provedor de soluções para impacto da mudança do clima na saúde
Em evento realizado em Brasília, lideranças regionais e internacionais destacaram a urgência de ações concretas para enfrentar os impactos das mudanças do clima na saúde pública mundial

Por Laura Marques / COP30
Durante a abertura da Conferência Global sobre Clima e Saúde de 2025, realizada nesta terça-feira (29/7), em Brasília, a CEO da COP30, Ana Toni, afirmou que o Brasil deverá liderar as ações de enfrentamento aos impactos das mudanças do clima na saúde global. Na ocasião, os ministros do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, e da Saúde, Alexandre Padilha, juntamente com lideranças regionais e internacionais, destacaram a urgência de tratar o tema diante dos efeitos já observados, como a poluição do ar e os eventos climáticos extremos.
De acordo com Ana Toni, o Brasil encabeçará os debates para a finalização do Plano de Ação para a Saúde de Belém durante a COP30. O documento, já em elaboração, traz diretrizes para a adaptação e fortalecimento dos sistemas de saúde, considerando os aspectos relacionados à mudança do clima.
"O plano de saúde global mostra para o mundo que temos soluções e elas precisam ser ampliadas e escaláveis, e que o Brasil é um provedor de soluções, em diversas áreas; energia, agricultura, florestas, mas na área de saúde também, onde as pessoas não têm muito esse conhecimento. É uma oportunidade muito grande para a gente colocar a adaptação no coração da COP, que é o que a gente pretende", enfatizou a CEO.
A ministra Marina Silva pontuou que um dos impactos mais evidentes das mudanças do clima é o aumento das mortes causadas pelas ondas de calor atualmente, que hoje já somam 500 mil em todo o mundo. Marina destacou que a origem deste grave problema é o aumento da emissão de CO2, que afeta principalmente populações mais vulneráveis — aquelas que menos contribuem para as emissões, e que pagam o preço mais alto por elas.
"Atacar as causas significa reduzir a emissão de CO2, que são causadas pelo uso de carvão, petróleo, gás e desmatamento; cuidar da saúde do nosso planeta. Não temos como cuidar da nossa saúde em um planeta febril"
— Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por sua vez, também apontou registros de casos de febre chikungunya na Europa e a expansão da dengue no continente americano como resultados das mudanças do clima na saúde que evidenciam a urgência de reduzir as emissões de CO2. Ele ressaltou ainda a relação entre o aumento da temperatura e o crescimento de doenças respiratórias, eventos de desidratação e problemas cardiovasculares.

"A saúde traz esses dados para mostrar para o mundo e para as lideranças mundiais que a gente precisa atacar as causas das mudanças do clima", defendeu o titular da pasta. Padilha esclareceu que o Brasil já vem colocando em prática os direcionamentos do Plano de Belém e que defenderá o documento durante a COP30.
Financiamento
Ao discursar na solenidade, o diretor de Adaptação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Youssef Nassef, chamou atenção para o fato de que o financiamento das ações para a adequação do setor da saúde está aquém do necessário e precisa ser endereçado.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, que participou da conferência por vídeo, agradeceu a liderança do Brasil na abordagem do tema. Ele afirmou que recentes episódios de ondas de calor no sul da Europa e inundações no Texas (EUA) e no Paquistão demonstraram como os sistemas de saúde são pressionados pela mudança do clima. O representante da agência também reforçou a centralidade do Plano de Belém para tornar os sistemas de saúde mais resilientes, em especial para as populações mais vulneráveis.
O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, afirmou que o organismo está pronto para agir pela implementação do Plano de Belém junto aos 35 países das Américas.
Integraram a mesa de abertura também a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, encarregado de negócios da Embaixada da Espanha no Brasil, Juan José Escobar Stemmann, o ministro conselheiro do Reino Unido no Brasil, Tony Kay, o ministro da Saúde e Serviços Médicos da República de Fiji, Ratu Atonio Rabici Lalabalavu, e o ministro da Saúde e Ação Social de Senegal, Ibrahima Sy. Além da presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Tânia Mara Coelho, e da presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernanda Magano.
Conferência global
O evento, organizado pelo Governo do Brasil, pela OMS e pela OPAS, reúne lideranças de diversas regiões do mundo para debater o papel fundamental de uma ação climática ambiciosa e equitativa na promoção da saúde global. A conferência segue até o dia 31 de julho.
A conferência é também a reunião anual da Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (ATACH), que trabalha para concretizar a ambição definida na COP26 de construir sistemas de saúde sustentáveis e resilientes ao clima, usando o poder coletivo dos Estados-Membros da OMS e outras partes interessadas para impulsionar esta agenda.