Segunda carta da Presidência da COP30 avança da visão para ação com detalhamento sobre chamado para mutirão global contra a mudança do clima
Documento apresenta proposta para mobilização e pede novos modelos de governança para lidar com crise climática e complexidade do século XXI.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, publicou nesta quinta-feira (8/5) nova carta que detalha o chamado para uma mobilização sem precedentes pela mudança do clima, em um Mutirão Global para incentivar mais ação e ambição climáticas. O documento apresenta também os Círculos de Liderança e os quatro pilares da conferência, que o Brasil sediará de 10 a 21 de novembro em Belém, no Pará.
Após a primeira carta, lançada em março, que traça a visão para a COP30, o novo comunicado apresenta os quatro pilares de trabalho da Conferência: Mobilização, Agenda de Ação, Negociação e Cúpula de Líderes. Nesta carta, o Presidente da COP30 aprofunda o pilar de mobilização, e anuncia que os outros eixos serão detalhados em comunicados futuros.
Um dos objetivos do mutirão, afirma Corrêa do Lago, é desencadear um movimento com estrutura global, mas que integre ações locais. A carta convida governos subnacionais, setor privado, setor financeiro, sociedade civil, movimentos sociais, indivíduos, entre outros, para a construção conjunta deste processo.
O Mutirão é inspirado em ações concretas que já ocorrem nos territórios: agricultores que adotam práticas regenerativas com apoio local; jovens que instalam painéis solares em comunidades vulneráveis; cidades costeiras que organizam brigadas de restauração de mangues; empresas de tecnologia que se unem para descarbonizar data centers; comunidades afrodescendentes que criam programas de educação climática urbana, entre outros. O espírito comum é de contribuições coletivas, imediatas e autônomas para um futuro sustentável.
Para contribuir nesta transformação, a presidência destacou a criação dos quatro Círculos de Liderança, lançados em abril: o Círculo dos Presidentes da COP, o Círculo dos Povos, o Círculo dos Ministros das Finanças e o Balanço Ético Global. Os círculos atuarão de forma independente e paralela às negociações, com trabalhos que auxiliarão a Presidência da COP30.
O texto chega em um momento crítico: o novo relatório da Organização Meteorológica Mundial confirma 2024 como o ano mais quente já registrado. Diante desse cenário, Corrêa do Lago afirma que a COP30 deve marcar um ponto de inflexão na luta climática, passando da visão para a ação com uma “cadeia de ação” por soluções de baixo carbono e resiliência climática em escala exponencial.
Inspirada pela encíclica Laudato Si’ e pelo legado do Papa Francisco, a presidência busca também ampliar a consciência global por meio de diálogos inclusivos entre lideranças políticas, acadêmicas, culturais, religiosas e comunitárias. Esses espaços devem reconhecer e empoderar as contribuições de povos indígenas, comunidades tradicionais, grupos afrodescendentes, jovens, mulheres, entre outros, cujas perspectivas críticas são essenciais para soluções locais e internacionais mais justas e eficazes.
Em tempos de transformações exponenciais, a carta defende ainda que novas infraestruturas de cooperação internacional sejam capazes de alinhar esforços, compartilhar inteligência e combinar tecnologias emergentes com conhecimentos ancestrais. Exemplo disso são as florestas tropicais e a internet: sistemas complexos, diversos e resilientes, que inspiram soluções inovadoras para um século marcado pela complexidade.