Presidente da COP30 destaca o Brasil como protagonista nas negociações globais sobre o clima
“Pouca gente no mundo tem noção do tamanho da Amazônia. Trazer o mundo para a Amazônia vai permitir mostrá-la como ela é hoje, e que é uma solução para o clima”, afirma André Corrêa do Lago

Por Leandro Molina | leandro.molina@presidencia.gov.br
A COP30 Amazônia (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), será realizada em novembro na cidade de Belém do Pará. Para explicar as expectativas e desafios da conferência, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente da COP30, conta que o evento promete ser um marco nas negociações do clima global. Segundo ele, o Brasil, como país anfitrião, assume um papel central nas discussões sobre desenvolvimento sustentável.
Em entrevista exclusiva, o embaixador avalia que a COP30 acontecerá em um momento decisivo para a agenda do clima, e “será a mais importante do ano dentro da ONU, reunindo representantes de 196 países”. Além disso, Corrêa destaca que a COP em Belém marca os 10 anos do Acordo de Paris, um compromisso histórico para limitar o aumento da temperatura global.
O presidente da COP30 ressalta que 2024 já registrou temperaturas superiores a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, reforçando a urgência de medidas concretas. "Estamos enfrentando circunstâncias excepcionais, e a conferência será impactada por decisões de países-chave, como os Estados Unidos, que recentemente anunciaram sua saída do Acordo de Paris", alerta.
Confira a entrevista completa com o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente da COP30 Amazônia:
Site COP30: Quais são as principais expectativas para a COP30 em Belém?
André Corrêa do Lago: A conferência, como muita gente já sabe, é a mais importante conferência das Nações Unidas no ano. Reúne uma enorme quantidade de pessoas, 196 países, e é uma conferência que está acontecendo todo ano há 30 anos. Há uma expectativa muito grande de que o Brasil, que tem uma tradicional liderança na área de negociações de mudança do clima, de meio ambiente, de desenvolvimento sustentável, possa liderar esse grande grupo de países em realmente encontrar respostas para muitas das perguntas que o mundo está se fazendo de como é que nós vamos conseguir combater a mudança do clima.
Site COP30: Como que o Brasil se prepara para assumir esse papel de liderança em uma COP que tem um foco tão relevante, principalmente no desenvolvimento sustentável, mas em nível global?
André Corrêa do Lago: O Brasil tem algumas vantagens, uma delas é que nós temos uma longa tradição de diplomacia nesta área, nós negociamos de maneira muito determinante. Mas também tem uma outra dimensão: este governo está completamente comprometido com essa agenda. Nós somos um dos países que têm o Ministério da Fazenda mais envolvido, por exemplo, com o plano de transformação ecológica. O Brasil tem uma população que recebe muito bem a agenda do desenvolvimento sustentável e é um líder mundial também na dimensão social, um dos três pilares do desenvolvimento sustentável, que é o combate à pobreza e às desigualdades.
Site COP30: Qual a importância de Belém, no estado do Pará, sediar a COP30?
André Corrêa do Lago: Nós temos que lembrar que a Amazônia é um dos maiores símbolos que há no mundo sobre natureza. E nós sabemos também que o desmatamento e os incêndios da Amazônia são a fonte de uma das imagens mais negativas que o Brasil pode ter no exterior. Esse governo, em dois anos, conseguiu diminuir de maneira impressionante o desmatamento. Muito pouca gente no mundo tem noção do tamanho da Amazônia. Então, trazer o mundo para a Amazônia vai permitir mostrar a Amazônia como ela é hoje, e que ela é uma solução para o clima.
Site COP30: Como que a presidência brasileira pretende superar as adversidades geopolíticas e econômicas, e qual a expectativa de entregas para a COP30?
André Corrêa do Lago: O trabalho é muito voltado para encontrarmos aquilo que a gente pode fazer em comum. Mas qual é a realidade? É que as circunstâncias de cada país são muito diferentes. Os impactos do combate à mudança do clima em cada país também é muito diferente. Fazer esse exercício de encontrar um caminho comum já começa dentro do nosso país onde existem desafios da riqueza e da pobreza. Nós somos tão diversos que é por isso que nós entendemos os outros.
Site COP30: Como o Brasil pretende abordar o debate sobre os impactos sociais para COP30?
André Corrêa do Lago: A definição do desenvolvimento sustentável é o equilíbrio entre os três pilares, ou seja, o econômico, o social e o ambiental. E a questão social, esse governo tem demonstrado de maneira muito clara esse compromisso, que é uma luta histórica do presidente Lula. O pilar ambiental no Brasil também está muito claro, não só pela Amazônia, mas também pela questão das consequências da mudança do clima. O Brasil tem apresentado muitas soluções e isso também é o que o mundo quer ouvir. Acredito que há uma agenda riquíssima para a gente desenvolver e trabalhar com outros países, alguns têm uma maior diferença com o Brasil, mas a verdade é que a gente acaba se encontrando em vários elementos sempre.
Site COP30: É possível falar em compromissos específicos para acordos?
André Corrêa do Lago: Nós temos uma série de negociações que já foram decididas de que vai ter que ser em Belém onde vamos tratar desses assuntos. Mas ainda temos muitas formas de abordar. A gente tem que ter uma grande coordenação de governo com a sociedade civil brasileira para que realmente seja definido como será a COP que queremos.
Site COP30: Como mensagem final, o que os brasileiros e brasileiras podem esperar da COP30?
André Corrêa do Lago: Todas essas grandes tendências, essas grandes discussões que acontecem no mundo, na realidade valorizam o Brasil e estão dando uma oportunidade histórica de se colocar no mundo de uma maneira como a gente nunca pôde antes. Nós nunca fomos o centro de alguns dos temas mais importantes que estão acontecendo no mundo. Eu acredito que com a liderança do presidente Lula nós vamos conseguir usar essa COP para fazer do Brasil um país muito melhor, mas sobretudo para fazer do Brasil um país que mostre para o mundo várias soluções, várias direções que, graças à diversidade brasileira, nós podemos oferecer.