IMPLEMENTAÇÃO

COP30 no Panamá: Fórum de Implementação exige ações urgentes contra crise climática

Debates destacaram a necessidade de medidas concretas e ambiciosas nos temas de financiamento justo e transição energética

Redação do site da COP30

O Fórum de Implementação, realizado pela Presidência da COP30 durante a Semana do Clima do Panamá, realizada de 19 a 23 de maio, marcou um chamado por ações concretas e imediatas para frear a crise climática. Governos, Nações Unidas e sociedade civil cobraram resultados tangíveis, com discursos contundentes sobre a insuficiência dos avanços atuais diante da emergência planetária.

A Presidência da COP30 é co-anfitriã do Fórum de Implementação, uma plataforma que reúne governos, instituições financeiras, setor privado, sociedade civil, povos indígenas e de comunidades tradicionais em debates para impulsionar ações concretas nas agendas globais de financiamento climático, transferência de tecnologia e desenvolvimento de mercados de carbono.

Ana Toni, CEO da COP30, destacou o papel transformador da América Latina na agenda climática no Fórum de Implementação na Semana do Clima do Panamá | Fotos: Isabela Castilho / COP30
Ana Toni, CEO da COP30, destacou o papel transformador da América Latina na agenda climática no Fórum de Implementação na Semana do Clima do Panamá | Fotos: Isabela Castilho / COP30

Ana Toni, CEO da COP30, destacou o papel transformador da América Latina na agenda climática e enfatizou a importância do Fórum de Implementação como modelo para ações concretas. "Nossa região é uma inspiração do que é possível - protegemos nossas florestas, temos matrizes energéticas majoritariamente renováveis e agora precisamos escalar essas soluções em conjunto", convocou os presentes.

Simon Sitiel, secretário das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), durante Fórum de Implementação na Semana do Clima do Panamá
Simon Sitiel, secretário das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), durante Fórum de Implementação na Semana do Clima do Panamá

Toni traçou as três prioridades da COP 30: acelerar a implementação de ações concretas, fortalecer a cooperação multilateral sem deixar ninguém para trás, e focar em soluções coletivas, ousadas e inclusivas para a agenda do clima para reforçar o senso de urgência que a crise climática exige. "Sabemos que as COPs não são soluções mágicas. Mas temos agora a oportunidade de iniciar uma nova década, um novo patamar que traga urgência às ações necessárias. É preciso agir, mesmo que com riscos, mas não podemos permitir que o medo nos paralise”, disse. 

“Esta Semana do Clima marca um novo capítulo em como nos reunimos e entregamos resultados juntos. Estamos superando a desconexão histórica entre os debates e a implementação prática de ações climáticas", disse Simon Sitiel, secretário das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). 

Stiell defendeu uma nova abordagem para lidar com a crise do clima e impulsionar mais investimentos e fortalecer a capacidade da ONU e dos países de converter diálogos em resultados mensuráveis. “Não há substituto para ação concreta. Precisamos cortar redundâncias, maximizar cada dólar investido e garantir que cada discussão nos aproxime da meta de 1,5°C. A ONU está se transformando para oferecer mais eficiência, mais impacto e mais inclusão", enfatizou Stiel. 

Governos precisam se comprometer

Juan Carlos Navarro, ministro do Meio Ambiente do Panamá, durante Fórum de Implementação, nesta semana, no Panamá
Juan Carlos Navarro, ministro do Meio Ambiente do Panamá, durante Fórum de Implementação, nesta semana, no Panamá

Juan Carlos Navarro, ministro do Meio Ambiente do Panamá, foi incisivo em seu discurso e destacou os impactos climáticos extremos que assolam o mundo - ondas de calor, incêndios florestais, secas e inundações - e criticou a desconexão entre os debates e a ação real.  "O tempo acabou. Estamos destruindo o planeta. Reconheço os avanços e agradeço de coração a todos que combatem as mudanças climáticas, mas os progressos são insignificantes perto da magnitude do desafio que enfrentamos. Não podemos mais aceitar desculpas - cada país e cada governo deve responder por suas ações", defendeu.   

O ministro panamenho ressaltou o paradoxo vivido por sua nação. Segundo Navarro, mesmo o país tendo 70% de energia limpa e renovável, índices satisfatórios de emissão de carbono, sofre com efeitos intensos da crise do clima. Por exemplo, em 2023, os afluentes que desembocam no Canal do Panamá baixaram de nível durante o período de seca extrema, prejudicando o trânsito de embarcações na região, o que causou perdas de mais de 2 bilhões de dólares.

Em seguida, inundações “catastróficas”, em 2024, destruíram infraestruturas e causaram mortes no país.  "A vida é injusta: um país que protege o clima paga o preço por uma crise que não criou", concluiu Navarro, exigindo ações imediatas e responsabilidade coletiva.

União entre a ciência e saberes tradicionais

A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Lena Estrada, defendeu a união entre a ciência e os saberes ancestrais contra a crise do clima
A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Lena Estrada, defendeu a união entre a ciência e os saberes ancestrais contra a crise do clima

A ministra do Meio Ambiente da Colômbia,  Lena Yanina Estrada, enfatizou a necessidade de ouvir tanto a ciência quanto os saberes tradicionais e fez um apelo contundente por uma ação climática mais efetiva e inclusiva. "A mudança climática não reconhece fronteiras, mas exige corresponsabilidade. Precisamos de uma nova ética de desenvolvimento que una a vida humana ao território e não deixe para trás os mais vulneráveis. Nossa ação climática deve integrar os conhecimentos dos povos indígenas e comunidades afrodescendentes”, salientou Estrada. 

De acordo com Lena, a transição para uma economia livre de combustíveis fósseis não é opcional, mas uma necessidade que exige trabalho coletivo. Estrada defendeu o Fórum de Implementação como espaço crucial para superar barreiras financeiras e tecnológicas, acelerando a transição energética de forma justa e descentralizada. “Nenhuma voz isolada fará a diferença; só unidos conseguiremos construir um futuro justo e resiliente. Não basta elaborar planos técnicos em escritórios. As soluções devem ser construídas com as comunidades locais, que conhecem seus territórios, riscos e oportunidades”, pontuou.