COP30 no Panamá: Fórum de Implementação exige ações urgentes contra crise climática
Debates destacaram a necessidade de medidas concretas e ambiciosas nos temas de financiamento justo e transição energética
Redação do site da COP30
O Fórum de Implementação, realizado pela Presidência da COP30 durante a Semana do Clima do Panamá, realizada de 19 a 23 de maio, marcou um chamado por ações concretas e imediatas para frear a crise climática. Governos, Nações Unidas e sociedade civil cobraram resultados tangíveis, com discursos contundentes sobre a insuficiência dos avanços atuais diante da emergência planetária.
A Presidência da COP30 é co-anfitriã do Fórum de Implementação, uma plataforma que reúne governos, instituições financeiras, setor privado, sociedade civil, povos indígenas e de comunidades tradicionais em debates para impulsionar ações concretas nas agendas globais de financiamento climático, transferência de tecnologia e desenvolvimento de mercados de carbono.

Ana Toni, CEO da COP30, destacou o papel transformador da América Latina na agenda climática e enfatizou a importância do Fórum de Implementação como modelo para ações concretas. "Nossa região é uma inspiração do que é possível - protegemos nossas florestas, temos matrizes energéticas majoritariamente renováveis e agora precisamos escalar essas soluções em conjunto", convocou os presentes.

Toni traçou as três prioridades da COP 30: acelerar a implementação de ações concretas, fortalecer a cooperação multilateral sem deixar ninguém para trás, e focar em soluções coletivas, ousadas e inclusivas para a agenda do clima para reforçar o senso de urgência que a crise climática exige. "Sabemos que as COPs não são soluções mágicas. Mas temos agora a oportunidade de iniciar uma nova década, um novo patamar que traga urgência às ações necessárias. É preciso agir, mesmo que com riscos, mas não podemos permitir que o medo nos paralise”, disse.
“Esta Semana do Clima marca um novo capítulo em como nos reunimos e entregamos resultados juntos. Estamos superando a desconexão histórica entre os debates e a implementação prática de ações climáticas", disse Simon Sitiel, secretário das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).
Stiell defendeu uma nova abordagem para lidar com a crise do clima e impulsionar mais investimentos e fortalecer a capacidade da ONU e dos países de converter diálogos em resultados mensuráveis. “Não há substituto para ação concreta. Precisamos cortar redundâncias, maximizar cada dólar investido e garantir que cada discussão nos aproxime da meta de 1,5°C. A ONU está se transformando para oferecer mais eficiência, mais impacto e mais inclusão", enfatizou Stiel.
Governos precisam se comprometer

Juan Carlos Navarro, ministro do Meio Ambiente do Panamá, foi incisivo em seu discurso e destacou os impactos climáticos extremos que assolam o mundo - ondas de calor, incêndios florestais, secas e inundações - e criticou a desconexão entre os debates e a ação real. "O tempo acabou. Estamos destruindo o planeta. Reconheço os avanços e agradeço de coração a todos que combatem as mudanças climáticas, mas os progressos são insignificantes perto da magnitude do desafio que enfrentamos. Não podemos mais aceitar desculpas - cada país e cada governo deve responder por suas ações", defendeu.
O ministro panamenho ressaltou o paradoxo vivido por sua nação. Segundo Navarro, mesmo o país tendo 70% de energia limpa e renovável, índices satisfatórios de emissão de carbono, sofre com efeitos intensos da crise do clima. Por exemplo, em 2023, os afluentes que desembocam no Canal do Panamá baixaram de nível durante o período de seca extrema, prejudicando o trânsito de embarcações na região, o que causou perdas de mais de 2 bilhões de dólares.
Em seguida, inundações “catastróficas”, em 2024, destruíram infraestruturas e causaram mortes no país. "A vida é injusta: um país que protege o clima paga o preço por uma crise que não criou", concluiu Navarro, exigindo ações imediatas e responsabilidade coletiva.
União entre a ciência e saberes tradicionais

A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Lena Yanina Estrada, enfatizou a necessidade de ouvir tanto a ciência quanto os saberes tradicionais e fez um apelo contundente por uma ação climática mais efetiva e inclusiva. "A mudança climática não reconhece fronteiras, mas exige corresponsabilidade. Precisamos de uma nova ética de desenvolvimento que una a vida humana ao território e não deixe para trás os mais vulneráveis. Nossa ação climática deve integrar os conhecimentos dos povos indígenas e comunidades afrodescendentes”, salientou Estrada.
De acordo com Lena, a transição para uma economia livre de combustíveis fósseis não é opcional, mas uma necessidade que exige trabalho coletivo. Estrada defendeu o Fórum de Implementação como espaço crucial para superar barreiras financeiras e tecnológicas, acelerando a transição energética de forma justa e descentralizada. “Nenhuma voz isolada fará a diferença; só unidos conseguiremos construir um futuro justo e resiliente. Não basta elaborar planos técnicos em escritórios. As soluções devem ser construídas com as comunidades locais, que conhecem seus territórios, riscos e oportunidades”, pontuou.