INTEGRIDADE DA INFORMAÇÃO

Brasil articula rede de organizações parceiras pela integridade da informação sobre mudança do clima

Plano brasileiro integra ações da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, lançada em 2024. Articulação foi lançada nesta quarta-feira, 26/3, em Brasília, como parte das contribuições do país para a agenda

Lançamento da rede de parceiros para fortalecer as ações de combate à desinformação climática. Divulgação: Rafa Neddermeyer/COP30 Amazônia
Lançamento da rede de parceiros para fortalecer as ações de combate à desinformação climática. Divulgação: Rafa Neddermeyer/COP30 Amazônia

Por Inez Mustafa/ inez.mustafa@pesidencia.gov.br

Em iniciativa inédita, o governo brasileiro deu início à formação de uma rede de parceiros para fortalecer as ações de combate à desinformação climática. A ação integra o capítulo brasileiro da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, lançado nesta quinta-feira, 26/3, em Brasília, e reuniu organizações da sociedade civil de todo o país, acadêmicos e especialistas internacionais com a expectativa de ações coordenadas para fortalecer essa estratégia no âmbito da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).

A articulação da rede é uma construção conjunta entre a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom/PR); o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). João Brant, secretário de Políticas Digitais da SECOM/PR, destacou que é fundamental  conectar a discussão sobre plataformas digitais, democracia, desinformação e mudança do clima e defendeu que, na COP30, o tema seja tratado com relevância Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, lançada em 2024. 

João Brant e Laudemar Neto sublinham a importância da integração da informação para o desenvolvimento do país.  Rafa Neddermeyer/COP30 Amazônia
João Brant e Laudemar Neto sublinham a importância da integração da informação para o desenvolvimento do país.  Rafa Neddermeyer/COP30 Amazônia

"A iniciativa nasce a partir da presidência do Brasil no G20, com uma parceria de alto nível com a ONU e a Unesco, tem um engajamento de mais países e ela propõe, no fundo, testar uma metodologia de trabalho de ação internacional a partir de um tema concreto. Esse evento marca a conexão entre o processo nacional e o processo internacional a partir de um princípio de valorização de quem está fazendo, realizando, seja pesquisa, seja comunicação estratégica, seja uma campanha sobre esse tema", disse Brant.

De acordo com o embaixador brasileiro Laudemar Neto, o capítulo brasileiro é uma resposta ao compromisso estabelecido no Pacto Digital Global, que visa a incentivar os órgãos das Nações Unidas, junto aos governos e a outros atores da sociedade civil, a avaliar o impacto da desinformação na concepção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Charlotte Charlotte Sadan, conselheira sênior em Integridade da Informação da ONU, negritou que a ação brasileira é importante para reequilibrar o predomínio da língua inglesa na pesquisa sobre desinformação climática. “Precisamos entender todos os nossos ambientes de informação e, particularmente, a informação climática do Sul Global, para melhor canalizar as ações estratégicas, as respostas de comunicações e a defesa de direitos”, disse Sadan.

Quando a desinformação climática é disseminada, o apoio democrático às medidas necessárias ao enfrentamento da mudança do clima é prejudicada, afirma Adauto Santos, coordenador do setor de comunicação e informação da Unesco. “Para enfrentar esses desafios, a Unesco publicou o Roteiro Global para a Informação como um bem público diante da crise ambiental. Este roteiro reúne ideias de toda a Unesco e alinha nossas iniciativas que levam à COP30 no Brasil”, declarou o coordenador. 

Informação para quem vive a mudança do clima

Quando se fala em desinformação climática, é necessário pensar nas pessoas afetadas pela vulnerabilidade climática, acrescentou Daniel Viegas, do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA). Para Viegas, a pesquisa científica precisa ser mais disseminada do que a desinformação e chegar “nas periferias, nas pessoas que estão na zona rural, nas pessoas que estão nas favelas”.

Ele defende que uma comunicação estratégica, é possível tornar as evidências científicas  consolidadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) acessíveis às pessoas, por exemplo, possibilitando que o debate foque em como a mudança do clima será enfrentada, ao invés de discutir “se existe ou não”. “É preciso afastar a hipótese negacionista e discutir o que a gente vai fazer para resolver a mudança do clima, seus efeitos e discutir as causas da mudança do clima”, pontuou. 

Ao invés de discutir “se existe ou não”. “É preciso afastar a hipótese negacionista e discutir o que a gente vai fazer para resolver a mudança do clima, seus efeitos e discutir as causas da mudança do clima”, pontuou Daniel Viegas.

Ele defende que uma comunicação estratégica, é possível tornar as evidências científicas  consolidadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) acessíveis às pessoas, por exemplo, possibilitando que o debate foque em como a mudança do clima será enfrentada, ao invés de discutir “se existe ou não”. “É preciso afastar a hipótese negacionista e discutir o que a gente vai fazer para resolver a mudança do clima, seus efeitos e discutir as causas da mudança do clima”, pontuou. 

Nos momentos dos desastres climáticos, promover a desinformação atinge, diretamente, a integridade física das pessoas que estão envolvidas, alertou João Guilherme dos Santos do Instituto Democracia em Xeque. O especialista elencou como exemplo real, as enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, em 2024. “Atrapalhou a chegada de alimentos para as pessoas que estavam ilhadas nas enchentes”, relembrou, acrescentando que reproduzir informação baseada em dados científicos “salva-vidas em diferentes momentos”.

Cooperação global contra a mudança do clima

A Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima foi lançada pelo Brasil, durante a Cúpula do G20, em 2024, no Rio de Janeiro, marcando a primeira vez que o tema figurou na Declaração de Líderes do fórum. Além da SECOM/PR; do MMA, do MRE e da Unesco, o Chile, Dinamarca, França, Marrocos, Reino Unido e Suécia também se somam à ação. 

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