Ministros de clima se reúnem na Dinamarca em preparação para a COP30
Presidente da COP30 reforçou importância do multilateralismo e de ação urgente para combater a mudança do clima.

Ministros do clima e lideranças de cerca de 40 países encontram-se na quarta (7/5) e quinta-feira (8/5) em Copenhague, na Dinamarca, para debater temas-chave e expectativas em reunião preparatória para a COP30, conferência do clima que o Brasil realizará em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro. Em entrevista coletiva antes do encontro, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou a necessidade de ação coletiva e urgente para combater a crise do clima.
“Sou negociador de clima há muitos anos, e a coisa que realmente mudou é a urgência. Não podemos mais ficar tão preocupados com quem está certo e quem está errado. Precisamos nos concentrar no que podemos fazer agora, porque a ciência nos mostra que temos muito pouco tempo para agir”, afirmou o diplomata, que reforçou a importância do sistema multilateral.
Organizada pelo governo dinamarquês, a Ministerial do Clima de Copenhague é parte de uma série de encontros preparatórios durante o ano que reúnem ministros, negociadores e observadores, entre outros. A edição deste ano foi presidida em conjunto com Azerbaijão, que realizou a COP29 em 2024, em Baku, e Brasil, anfitrião da COP30.
“Quando vemos alguns países se distanciarem de acordos e ações globais, é ainda mais importante que o resto de nós continue a agir em conjunto”, destacou o ministro do Clima, Energia e Utilidades da Dinamarca, Lars Aagaard. “O que está diante de nós é a necessidade de encontramos juntos soluções. Não temos outra alternativa”, completou.
Temas abordados nos dois dias de trabalho incluirão caminhos para a transição justa, financiamento climático, o papel de governos subnacionais, a implementação do Balanço Global, acordado na COP28, entre outros.
“A crise do clima é mais urgente que nunca, e a ação não pode ser postergada para um dia mais conveniente”, disse o presidente da COP29, Mukhtar Babayev. “Devemos focar no combate à crise do clima porque todos, em todos os lugares, precisam agir ativamente”.
O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, destacou avanços coletivos nos últimos anos, como o compromisso com a transição para o fim dos combustíveis fósseis e o acordo para um histórico fundo para perdas e danos.
“Antes do Acordo de Paris, estávamos na trajetória para um aquecimento global [em 2100] de aproximadamente 5ºC, o que seria uma sentença de morte para muitos. Agora, estamos em uma trajetória para cerca de 3ºC”, disse Stiell. “O processo está funcionando, apesar de mais devagar do que o apontado pela ciência como necessário para combatermos a crise do clima”.
A reunião em Copenhague também busca incentivar maior ambição nas novas metas climáticas, que devem ser apresentadas ainda neste ano. Até o momento, 20 países apresentaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) — entre eles o Brasil, que se comprometeu a reduzir suas emissões líquidas de gases-estufa de 59% a 67% até 2035, em comparação aos níveis de 2005.
O presidente Lula lidera um esforço conjunto com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para destacar a importância das NDCs e a necessidade de metas alinhadas a 1,5ºC. Uma reunião de chefes de Estado ocorreu no último mês, e outra está prevista para o segundo semestre.