COP30

“COP30 será crucial para ajudar a redefinir futuro do planeta”, diz Marina Silva na Índia

Ministra destacou agendas prioritárias para a conferência e apresentou o Balanço Ético Global (BEG) em seu último discurso em Nova Delhi.

“O Brasil defende um modelo de transição que não deixe ninguém para trás”, pontuou Silva durante painel na ainel na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, na Índia | Foto: TERI
“O Brasil defende um modelo de transição que não deixe ninguém para trás”, pontuou Silva durante painel na ainel na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, na Índia | Foto: TERI

Do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima 

Em discurso em Nova Delhi, na Índia, nesta quinta-feira, 6/2, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou que a COP30, Conferência do Clima da ONU que acontece em Belém em novembro, terá papel determinante para a ação climática global nos próximos anos. “A COP30 será crucial para ajudar a redefinir o futuro do planeta e construir um marco referencial, sólido e à altura do desafio climático, dez anos após o Acordo de Paris”, disse durante painel na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WSSD, na sigla em inglês).

A ministra afirmou que a COP30 deve acelerar a implementação dos compromissos firmados nos dez anos de existência do Acordo de Paris, assinado em 2015. Destacou, sobretudo, as decisões que resultaram da COP28, nos Emirados Árabes Unidos, e da COP29, no Azerbaijão. “Precisamos avançar na transição para o fim dos combustíveis fósseis e para o fim do desmatamento, ao mesmo tempo em que ampliamos o financiamento climático para US$ 1,3 trilhão anuais, partindo dos US$ 300 bilhões prometidos pelos países desenvolvidos. Esse mapa do caminho será crucial para o período pós-Belém”, pontuou.

Marina qualificou como prioritárias para a conferência as agendas de adaptação à mudança do clima e transição justa para uma economia de baixo carbono, itens oficiais de negociação das COPs do Clima . “A emergência climática também exige maior destaque para adaptação, que dialoga diretamente com a proteção da vida e a redução de vulnerabilidades em nível local. Precisamos garantir que as comunidades mais afetadas tenham acesso a recursos e tecnologia para enfrentar os impactos da crise climática”, defendeu. “O Brasil defende um modelo de transição que não deixe ninguém para trás, garantindo alternativas econômicas e sustentáveis e meios de implementação que apoiem, sobretudo, as populações e ecossistemas mais vulnerabilizados.”

Para viabilizar a transição para o fim do uso de combustíveis fósseis, são necessários, segundo a ministra, instrumentos financeiros inovadores, como o Mecanismo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Lançado em 2023 na COP28 e desenvolvido pelo MMA, Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e Ministério da Fazenda ao longo do último ano, o TFFF deve estar em operação já na COP30. Seu objetivo é ampliar os fluxos financeiros para a proteção da natureza e remuneração dos serviços ecossistêmicos. 

Marina salientou, ainda, a importância do fortalecimento do regime multilateral para o enfrentamento à mudança do clima, cujos efeitos já são sentidos no Brasil e no mundo. “Como anfitrião da COP30, o Brasil reforça que a responsabilidade climática é coletiva e que somente através dos nossos esforços domésticos, do multilateralismo e da cooperação internacional, poderemos transformar compromissos em ações concretas”, declarou.

Além disso, defendeu a realização do Balanço Ético Global (BEG), iniciativa conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Ao longo do ano, o BEG promoverá diálogos em diferentes regiões do mundo, incluindo pontos críticos como o Ártico, e reunirá jovens, mulheres, cientistas, líderes religiosos, artistas, empresários, povos indígenas, comunidades locais e ativistas para criar uma mobilização em torno da meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5° C em relação ao período pré-industrial.

Também participaram do painel os ministros de Floresta e Meio Ambiente do Nepal, Aain Bahadur Shahi Thakuri; de Turismo e Meio Ambiente das Maldivas, Muaviyath Mohamed; e de Mudança do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen (remotamente); o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU (IPCC), Jim Skea; e a secretária de Estado e Enviada Especial para Ação Climática Internacional da Alemanha, Jennifer Morgan (virtualmente).

Agenda bilateral

Mnistros das agendas de meio ambiente do Nepal, Maldivas e Noruega também participaram do painel que contou, ainda, com representantes da ONU e do governo alemão. | Foto: TERI
Mnistros das agendas de meio ambiente do Nepal, Maldivas e Noruega também participaram do painel que contou, ainda, com representantes da ONU e do governo alemão. | Foto: TERI

Em paralelo à Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, Marina Silva encontrou, na quinta-feira, com o ministro Aain Bahadur Shahi Thakuri, do Nepal, país altamente vulnerável à mudança do clima que tem sofrido com eventos climáticos extremos cada vez mais intenso e frequentes, como inundações e deslizamentos de terra, com prejuízos à infraestrutura, economia e vida das comunidades locais. Discutiram as expectativas do Nepal para a COP30, com foco na agenda de adaptação, crucial para a construção de resiliência climática no país.

A ministra se reuniu ainda com Jim Skea, do IPCC. O diálogo teve como cerne o trabalho do painel, que produz ciclos de avaliação com base na melhor ciência disponível sobre mudança do clima, e os recentes recordes de temperatura globalmente registrados, o que dificulta o cumprimento da meta do Acordo de Paris.

Na quarta-feira, Marina realizou reuniões bilaterais com os ministros de Turismo e Meio Ambiente das Maldivas, Muaviyath Mohamed, e do Meio Ambiente, Floresta e Mudança do Clima da Índia, Bhupender Yadav. O embaixador do Brasil na Índia, Kennerh da Nóbrega, acompanhou os encontros. Também recebeu o Prêmio de Liderança para o Desenvolvimento Sustentável em Nova Delhi, concedido desde 2005 pela organização indiana Instituto de Energia e Recursos (TERI, na sigla em inglês) a líderes globais que se destacam por suas contribuições excepcionais à promoção da sustentabilidade e ação climática.

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