Boletim COP30 #19 - COP30 mostrará territórios indígenas como parte do combate à crise do clima
A presidência brasileira da COP30, com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, lançou o Círculo dos Povos Indígenas para incentivar a liderança dos povos originários no assunto. O evento aconteceu durante o Acampamento Terra Livre, em Brasília. Também foi divulgada a criação da Comissão Internacional Indígena, que terá representação de organizações indígenas internacionais e brasileiras. Ouça a reportagem especial e saiba mais.

Reportagem Mayara Souto / mayara.souto@presidencia.gov.br
Repórter: A presidência brasileira da COP30 e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançaram o Círculo dos Povos Indígenas. O anúncio foi feito no Acampamento Terra Livre, em Brasília, que reúne centenas de indígenas de todo Brasil, com participação de etnias de países vizinhos. A instância pretende estabelecer uma ligação entre os povos originários e os negociadores da Conferência, como explica a CEO e diretora-executiva da COP30, Ana Toni.
Ana Toni: O Círculo dos Povos Indígenas é fundamental para ter uma ligação direta entre a presidência da COP e os povos indígenas. Então, quero dizer que as portas da presidência da COP e do governo brasileiro estão absolutamente abertas aos povos indígenas para a gente fazer dessa COP a primeira em que os povos indígenas têm o papel principal de liderar o combate à mudança do clima.
Repórter: Na ocasião, também foi divulgada a criação da Comissão Internacional Indígena, que terá representação de organizações indígenas internacionais e brasileiras. A iniciativa será liderada pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que também estará à frente do Círculo dos Povos Indígenas da COP30.
Sonia Guajajara: Nós temos um governo que tem hoje a sensibilidade de entender que os povos indígenas têm que estar no centro dessas decisões em relação às discussões climáticas porque nós, povos indígenas, agregamos às discussões de direitos humanos, cultura, sustentabilidade, biodiversidade, clima e de meio ambiente.
Repórter: O lançamento das iniciativas durante o Acampamento Terra Livre foi uma escolha da presidência da COP30, para valorizar os diversos atores que são essenciais no combate à mudança do clima. O evento reúne lideranças indígenas como Maryta de Humahuaca, que veio da Argentina.
Maryta de Humahuaca: A verdade é que nós já estamos há muito tempo falando do cuidado do planeta e essa crise do clima que estamos vivendo no planeta todo. O que é meu desejo e o desejo da minha comunidade é que as pessoas se liguem e entendam que o planeta somos todos.
Repórter: A união dos povos indígenas de todo o mundo foi amplamente defendida pelos que estavam presentes no lançamento do Círculo de Povos Indígenas. A troca de experiência e conhecimento é vista como muito positiva para eles, como exemplifica Shirlei Arara, da Terra Indígena de Ji Paraná, em Rondônia.
Shirlei Arara: Os indígenas do Canadá, por exemplo, a gente acaba ouvindo muito que lá os indígenas têm uma riqueza grandiosa por conta da mineração sustentável. Então, é importante essa participação deles, para de fato a gente ouvir deles, se isso é verdade ou não.
Repórter: Dessa forma, o desejo dos indígenas é ter uma maior participação na COP30, como reforça Shirlei Arara.
Shirlei Arara: O que nós queremos da COP 30 é que todos que estiverem lá, principalmente o mundo, entendam que a resposta somos nós. Mas todo mundo esquece que quem mantém vivo o planeta são os guardiões da floresta. Então, nessa COP30, o que a gente mais precisa é que as pessoas compreendam, entendam, e reconheçam a importância que é a vida dos povos indígenas para o planeta.
Repórter: A presidente do Fórum Permanente Indígena da ONU, Hindou Oumarou, também destacou a atuação indígena histórica na preservação das florestas e na conciliação com outras culturas.
Hindou Oumarou Ibrahim: Não podemos seguir em frente com esse objetivo, se não houver financiamento para nós, povos indígenas. Nós somos as pessoas que protegem as nossas florestas. Então é por isso que a COP30 tem que ser em nosso local, eles tem que usar a nossa diplomacia indígena para que a gente possa alcançar o nosso objetivo.