Mutirão Global: COP30 quer ir além das negociações para "curar" o planeta
Na Semana do Clima do Panamá, a presidência da Conferência no Brasil reuniu especialistas da sociedade civil para concretizar uma estrutura que tenha o esforço coletivo como a saída para a crise climática

Redação do site COP30
Para construir uma cadeia de mobilização e transformar os compromissos pelo clima em ações, a presidência da COP30 discutiu a elaboração de um global framework para concretizar o espírito do Mutirão pelo clima, nesta quarta-feira, 21/5, na Semana do Clima do Panamá. A proposta é movimentar organizações da sociedade civil do mundo para a integração das ações nos territórios com objetivos climáticos globais, tendo em perspectiva que a resposta à crise necessita de esforço coletivo.
A aposta em um Mutirão Global foi apresentada pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Conferência no Brasil, em sua primeira carta ao mundo, e vem sendo pontuada como estratégia para fortalecer o compromisso de todas as pessoas, que atual em diferentes áreas da sociedade, para sair das negociações e partir para a ação. No evento liderado pela UNFCCC e o governo panamenho, organizações da sociedade civil internacional chegam para se somar aos esforços.

“O Mutirão pegou. As pessoas entenderam o conceito, que é uma ação coletiva com objetivo comum. A gente já sabe que não dá para pensar em ação climática somente durante duas semanas no ano. Mas é uma coisa que a gente faz todos os dias quando escolhemos que tipo de transporte usamos, como sou como consumidora, eleitora, que tipo de energia tenho na minha casa. Todos os dias todo mundo pode fazer parte do Mutirão com responsabilidades diferenciadas”, explicou Ana Toni, diretora executiva da COP30.
Túlio Andrade, chefe de Estratégia e Alinhamento da COP30, defendeu que o Mutirão é a oportunidade de criar uma cadeia de mobilização e integrar ações globais. Ele acredita que a mobilização pode impactar o sistema de governança climática global ao impulsionar tecnologias, recursos, diferentes plataformas, iniciativas e espaços compartilhados em torno da missão de limitar o aumento da temperatura da terra a 1.5 graus. “Mais do que trazer uma visão indígena e brasileira para ação pelo clima, nós temos o Mutirão nos une como seres humanos, pois é sobre cooperação, colaboração, prosperidade e comunidade”, pontuou.
“O mutirão é a força que encontramos na nossa diversidade”, elaborou Eric Terena, ativista indígena do povo Terena do estado brasileiro do Mato Grosso do Sul. Ele defende que o Mutirão inspira um movimento coletivo para a “cura da terra”. “É muito mais do que um esforço, mas é um grupo de trabalho sentimental, um título espiritual e de conhecimento ancestral das florestas. Como ensinaram nossos anciãos, é um profundo convite para reconectar nossas consciências com as raízes da terra na sabedoria ancestral”.

Lenon Medeiros, diretor da Visão Coop, contou que a ação coletiva na comunidade de Queimados, na cidade do Rio de Janeiro, interrompeu 10 anos de alagamentos, salientando o Mutirão como uma possibilidade real de solucionar problemas locais, “como resultado da inteligência coletiva”. “Nosso território frequentemente sabe o que fazer. Precisamos ser empoderados com recursos e nos conectar com pessoas que podem ajudar essa rede de iniciativas a se tornar mais eficiente na transferência dessas invenções para diferentes tipos de ecossistemas em contextos sociais”, negritou.
Sanjay Purohit, CEO e curador chefe do Centre for Exponential Change (C4EC), da índia, destacou o trabalho coletivo realizado por cinco organizações no país em termos de resiliência climática relacionadas à infraestrutura; combustível sustentável; agricultura; inteligência artificial. “O que temos tentado conceber e planejar juntos dificilmente é uma explicação viável. Ação climática por meio de uma mobilização global impulsionada por redes locais, comitês, engajamento e infraestrutura pública digital. Este é um momento importante de acerto de contas”, pontuou.
Os esforços para a concretização da proposta da presidência da COP30 do Mutirão também contou com contribuições de Irene Suárez Pérez, conselheira sênior da Global Optimism, Antonia Gawel, diretora global de Sustentabilidade e Parcerias do Google; e Sam Shang, Pós-doutorando em Complexidade Aplicada do Instituto Santa Fé; Paulo Durrant, chefe adjunto da Breakthrough Agenda; Shankar Maruwada, CEO da Fundação EkStep; Fabro Steibel, diretor executivo do ITS Rio; Iñaki Goñi, do ISWE Foundation; Sujith Nair, CEO da Foundation for Interoperability in Digital Economy; Anit Mukherjee, da Research Foundation America.
Assista as contribuições apresentadas na Semana do Clima do Panamá: