BOLETIM COP30

Boletim COP30 #24 - Segunda carta da Presidência da COP30 detalha ação global contra mudança do clima, indo da visão à prática

Documento apresenta proposta para mobilização e pede novos modelos de governança para lidar com crise climática e complexidade do século 21. Ouça a reportagem e saiba mais.

André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30 | Foto: Rafa Neddermeyer/ COP30
André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30 | Foto: Rafa Neddermeyer/ COP30

Por Inez Helena Soares Mustafa / inez.mustafa@presidencia.gov.br

Repórter: O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, publicou nova carta que detalha o chamado para mobilização sem precedentes pela mudança do clima. O Mutirão Global busca incentivar mais ação e ambição climáticas. Os Círculos de Liderança e os quatro pilares da conferência, que o Brasil sediará em novembro, em Belém, no Pará, também são apresentados na carta.

Após a primeira carta, que mostrou a visão brasileira para a COP30, o novo comunicado apresenta os quatro pilares de trabalho da Conferência: Mobilização, Agenda de Ação, Negociação e Cúpula de Líderes. Nesta carta, André Corrêa do Lago aprofunda o pilar de mobilização e anuncia que os outros eixos serão detalhados em comunicados futuros.

André Corrêa do Lago: Espero que essa carta realmente consiga dar a ideia do mutirão, que é ter uma reação de todos no sentido de mostrar que todos podemos contribuir para o combate à mudança do clima, ou seja, eu acho que, ao mesmo tempo, uma pressão e um incentivo para que os governos, que são os negociadores, tenham mais ambição naquilo que estão fazendo, ou seja, as sociedades mostrarem que elas estão em vários casos mais avançadas do que os governos que estão negociando.

Repórter: O Mutirão é inspirado em ações concretas que já ocorrem nos territórios: agricultores que adotam práticas regenerativas com apoio local; jovens que instalam painéis solares em comunidades vulneráveis; comunidades afrodescendentes que criam programas de educação climática urbana. O espírito comum é de contribuições coletivas, imediatas e autônomas para um futuro sustentável, afirma o presidente da COP30.

André Corrêa do Lago: Muitas vezes o que acaba acontecendo na conferência da ONU é que você dá a palavra para um representante fazer, dizer uma coisa na conferência, quando as coisas já aconteceram. Muito diferente você chamar os povos para eles poderem transmitir o que eles acham que falta na negociação. 

Repórter: Um dos objetivos do mutirão é desencadear um movimento com estrutura global, mas que integre ações locais. A carta convida governos subnacionais, setor privado, setor financeiro, sociedade civil, movimentos sociais, indivíduos, para a construção conjunta desse processo.

André Corrêa do Lago: Eu acho que é uma coisa muito importante dos governos verem que a sociedade civil, o empresariado, a academia, todos esses outros atores da sociedade estão comprometidos com o combate da mudança do clima.

Repórter: A presidência brasileira busca ampliar a consciência global por meio de diálogos inclusivos entre lideranças políticas, acadêmicas, culturais, religiosas e comunitárias. Esses espaços devem reconhecer e empoderar as contribuições de povos indígenas, comunidades tradicionais, grupos afrodescendentes, jovens, mulheres, cujas perspectivas críticas são essenciais para soluções locais e internacionais mais justas e eficazes.