Boletim COP30 #20 - Kuntari Katu: a formação que leva a voz indígena para a COP30
Programa brasileiro Kuntari Katu prepara diplomatas indígenas em negociações climáticas. O curso prepara 30 lideranças para atuar na COP30 em Belém, integrando saberes tradicionais e diplomacia. Iniciativa histórica do Ministério dos Povos Indígenas, Itamaraty e Instituto Rio Branco visa a inclusão indígena nas decisões globais sobre clima e Amazônia. Ouça a reportagem e saiba mais.

Reportagem Leandro Molina / leandro.molina@presidencia.gov.br
Repórter: Em um momento decisivo para o futuro da Amazônia e do clima global, o Brasil se prepara para receber a COP30 em Belém do Pará com uma iniciativa inédita: o Programa Kuntari Katu, curso que forma lideranças indígenas para atuar nas complexas negociações climáticas internacionais.
Desenvolvido em parceria entre o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Itamaraty e o Instituto Rio Branco, o programa representa um marco histórico na inclusão dos saberes tradicionais nas políticas ambientais globais. A parceria prepara 30 estudantes indígenas para negociar em nome de suas comunidades e do planeta. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, não esconde o orgulho ao falar sobre o programa.
Sonia Guajajara: Muito importante trazer essa voz indígena, até porque muitos acordos internacionais, principalmente o Acordo de Paris, já reconheceu o conhecimento indígena como conhecimento científico. Então é a primeira vez que nós vamos ter não só uma participação em maior quantidade, mas também em qualidade.
Repórter: Participam povos da Amazônia, do Cerrado, da Caatinga, da Mata Atlântica e do Pantanal. Para Maisangela Oliveira, aluna do curso e indígena do povo Sateré Mawé, do estado do Amazonas, essa formação representa uma oportunidade histórica.
Maisangela Oliveira: Porque é a primeira vez que as lideranças e a juventude estão participando desta formação. A gente está adquirindo muito conhecimento através de professores, mentores. E vamos ter aula de inglês também para que possamos entender também outros países, outros povos indígenas nesses espaços.
Repórter: Em evento no Instituto Rio Branco, em Brasília, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enfatizou a importância da Conferência do Clima como marco para a agenda climática global e o protagonismo dos povos indígenas.
Mauro Vieira: Essa escolha evidencia o papel central das florestas na agenda climática global e reconhece a Amazônia como o que ela é, um eixo vital da estabilidade planetária.
Repórter: Mariana Moscardo, ministra-conselheira e diretora-geral adjunta do Instituto Rio Branco, conta que o curso surgiu de uma convergência para capacitar indígenas na COP.
Mariana Moscardo: Como é uma COP que está sediada no nosso país, na Amazônia, ter essa presença dos nossos indígenas é uma maneira real e mais substantiva dentro desse processo todo negociador.
Repórter: Durante a aula do Programa brasileiro Kuntari Katu, foi assinado um acordo entre o Itamaraty, o Ministério dos Povos Indígenas e o CNPq para concessão de bolsas a candidatos indígenas à carreira diplomática.