GOVERNANÇA

"O Brasil fará liderança ambiciosa" na COP30 Amazônia, diz secretário-executivo da ONU

"Com sua visão, forte liderança e compromisso com a ação climática, o Brasil fará uma liderança ambiciosa", afirmou Simon Stiell, secretário executivo da ONU sobre Mudança do Clima em evento em Brasília

Mitzi Valente, Simon Stiell e André Corrêa do Lago em palestra sobre a UNFCCC - Foto: Isabela Castilho / COP30 Amazônia
Mitzi Valente, Simon Stiell e André Corrêa do Lago em palestra sobre a UNFCCC - Foto: Isabela Castilho / COP30 Amazônia

O secretário executivo das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Simon Stiell, reforçou a importância do Brasil como negociador-chave nos assuntos climáticos, em palestra sobre a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, da sigla em inglês), para diplomatas em formação no Instituto Rio Branco, nesta quinta-feira, 6 de fevereiro, em Brasília (DF). O evento contou com a presença do presidente da COP30 Amazônia, o embaixador André Corrêa do Lago, e da diretora-geral do instituto, Mitzi Valente da Costa.

Acompanhando as iniciativas do governo brasileiro para a COP30 desde o início, Stiell reiterou que "quando o presidente Lula anunciou o interesse em receber a COP30, a UNFCCC sabia que, com sua visão, sua forte liderança e seu compromisso, não apenas com o processo da ação climática, mas também com a ação interna do seu país", o Brasil faria "uma liderança ambiciosa".

O embaixador Corrêa do Lago lembrou que a UNFCCC nasceu na Rio-92, conferência que marcou o compromisso global com a agenda climática. Foi ali que se consolidou o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, reconhecendo que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelo agravamento da crise ambiental e que as nações em desenvolvimento necessitam de apoio financeiro e tecnológico para garantir uma transição justa e sustentável. "O momento em que vivemos é brilhante para testar os limites das possibilidades que estão à nossa frente", salientou o embaixador brasileiro.

A revolução da energia limpa

Stiell destacou avanços significativos no setor energético. De acordo com o secretário da ONU, em 2024, pela primeira vez na história, o investimento global em energia limpa ultrapassou a marca de 2 trilhões de dólares. Desde 2020, os gastos com energias renováveis já superam os investimentos em combustíveis fósseis, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

"A transição para a energia limpa representa uma escala colossal de oportunidades econômicas”, afirmou Stiell. Ele ressaltou também que os países que lideram essa transformação estão colhendo benefícios como crescimento econômico, geração de empregos, menor poluição e custos reduzidos na saúde pública, além de uma matriz energética mais segura e acessível.

Desafios da transição no Sul Global

Apesar dos grandes fluxos de capital para a economia verde, dois terços dos países do mundo ainda não conseguem acessar esses recursos para impulsionar ações climáticas em larga escala. Para Stiell, essa barreira reforça a urgência de uma reforma da governança global, um dos temas que serão discutidos pela presidência brasileira do BRICS, em 2025.

"Um país pode recuar, mas outros já estão se posicionando para assumir a dianteira e colher os benefícios da ação climática", alertou Stiell. Segundo o chefe da ONU sobre mudança do clima, é fundamental garantir que todos os países tenham acesso justo às oportunidades geradas pela transição energética, evitando que a desigualdade global se aprofunde ainda mais.

Agenda de ação para a COP30 Amazônia

Nesta semana, Simon Stiell lidera a missão de alto nível do secretariado da Convenção do Clima (UNFCCC) em Brasília. O objetivo das reuniões é discutir com o governo brasileiro e as equipes envolvidas na preparação da COP30, que acontece em novembro em Belém do Pará, as perspectivas nas diversas áreas da negociação e a construção de uma agenda de ação ambiciosa, relevante e inclusiva para a Conferência.